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Leonardo Sakamoto lança livro sobre intolerância na internet no RioMar Shopping

Jornalista reflete a partir de experiências próprias em 'O Que Aprendi Sendo Xingado na Internet'

NATHÁLIA PEREIRA
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NATHÁLIA PEREIRA
Publicado em 19/07/2016 às 8:00
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Jornalista reflete a partir de experiências próprias em 'O Que Aprendi Sendo Xingado na Internet' - FOTO: Divulgação
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A internet é um veículo de comunicação recente. No Brasil, começou a ser utilizada em ambientes domésticos apenas na metade da década de 1990, ainda de maneira tímida. Foi nessa época em que o jornalista e doutor em Ciência Política Leonardo Sakamoto iniciou as andanças pelo mundo digital. E é a partir de suas experiencias na plataforma que ele reflete em O Que Aprendi Sendo Xingado na Internet (LeYa, 160 páginas, R$ 29,90), livro que lança amanhã, às 19h, na livraria Cultura do RioMar Shopping, no Recife. 

Nas mais de 100 páginas, ele analisa a proliferação dos discursos de ódio, citado exemplos nos quais ele foi a vítima, levando o leitor a compreender como e por que a internet se torna, em tempos de debates acalorados, uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que encurta distâncias e amplia debates, pode afastar quem não compartilha dos mesmos conceitos. “É um guia de sobrevivência”, afirma o ator e diretor Gregório Duvivier  sobre a obra da qual assina a orelha.

Alvo de críticas pouco simpáticas na rede mundial de computadores, Sakamoto reforça que ela é uma plataforma de reprodução da realidade na qual repetem-se as relações do mundo físico, mas não a responsável pelo conteúdo que os usuários disseminam. “A internet tem a possibilidade de catalisar ações, mas a Primavera Árabe, por exemplo, teria acontecido com ou sem ela”, pontua.

No livro, o blogueiro do portal UOL usa linguagem acessível e bem humorada em temas como “O outro é um ilustre desconhecido”, “Falta Lexotan na água desse povo” e “Boatos são eternos”, abordando, por exemplo, a falta de empatia com quem está do outro lado da tela. “Costumo usar a alegoria de que passamos pela infância da internet, descobrindo do que se tratava, e que agora vivemos sua adolescência, usando suas ferramentas”. 

O futuro, explica ele, caminhará para a fase adulta, em que as discussões serão aprofundadas. “Mas, para isso, as pessoas precisam ser educadas para lidar com a mídia e buscar informações mais plurais, por fontes variadas. Os próximos anos serão fundamentais, de mudanças lentas e graduais”, afirma.

Crítico em relação às redes sociais, defende que elas não devem ser o único espaço virtual dedicado às discussões políticas e sociais. “Os algoritmos utilizados por essas redes fazem com que nossos perfis se tornem bolhas, daí acabamos lidando somente com opiniões semelhantes às nossas. Acontece que quando saímos desse lugar confortável, nos assustamos e atacamos o diferente. Só que ser questionado é fundamental para crescermos”. 

Dos ataques que já sofreu, crê que boa parte é fruto justamente do incômodo causado por questionamentos que põem em xeque o universo do indivíduo, além do desconhecimento sobre o assunto proposto. “Já fui  até agredido fisicamente na rua, mas tento levar numa boa. Acredito que a minoria das pessoas é agressiva. Muitos discordam, mas o fazem em paz”.

Sobre o que de mais importante aprendeu com os xingamentos, ele destrincha: “que o subterrâneo da internet forma e deforma mais opinião que os grandes veículos, que educação para mídia e para tolerância é fundamental, que muita gente tem lido mais para se municiar do que para se informar e, principalmente, aprendi que essa discussão vale a pena. Quando as pessoas conscientes se calam, a violência se propaga”.

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