Ao longo dos últimos 25 anos, o escritor e economista pernambucano Jacques Ribemboim publicou diversos artigos falando sobre a história e o presente do judaísmo. Segunda (11), ele lança o seu novo livro, a coletânea Ensaios Judaicos (Babecco), com 38 palestras e textos publicados na imprensa sobre o assunto. O evento acontece no Boteco Porto Ferreiro, a partir das 18h, e é aberto ao público.
Autor de obras que tocam no assunto, como Pernambuco de Fernão e Uma Olinda Judaica (com coautoria de José Alexandre Ribemboim), nesta obra Jacques se desdobra em várias temáticas do judaísmo. Apesar de falar do Estado de Israel e da literatura de Franz Kafka e Isaac Bashevis Singer, o foco principal do livro está nas suas pesquisas sobre a história dessa religião no Nordeste brasileiro.
“São ensaios já previamente publicados. Quis reuni-los para facilitar o acesso, já que nem sempre é possível encontrar todos, e dar um caráter maior de permanência”, diz o autor. Na obra, Jacques fala de distintas questões judaicas, mas o seu foco principal é no que chama de “judaico-pernambucano” e suas diversas facetas. “Por muitos anos, tenho me dedicado ao estudo do judaísmo pernambucano, não somente pelo fato de ser judeu, mas pela reveladora história deste povo em terras do Nordeste, aponta na apresentação da obra.
CULINÁRIA
O autor se debruça na influência dos judeus na culinária nordestina, aborda a presença no bairro da Boa Vista, comenta a literatura judaico-nordestina, responde a polêmicas pontuais e destaca nomes e histórias importantes da religião. “A presença da genética judaica é maior do que se pode imaginar em princípio no Nordeste. Ela veio com os judeus que chegaram aqui nos séculos 16 e 17 e se espalhou na população em geral. Mesmo famílias tradicionais, de 200 ou 300 anos, de algum forma podem ter ascendência de cristãos novos, que eram os judeus forçados a se converter e exercer sua religião em segredo”, pondera.
Sobre a culinária, Jacques fala sobre o flúden, que chama de “príncipe das guloseimas judaicas”. Segundo o autor, por aqui o quitute mudou e passou a ser feito com doce de jambo e castanhas de caju, uma melhoria em relação à receita original. Jacques também aborda as cinco fases da história do judaísmo no Brasil, com destaque para as duas “época de ouro do judaísmo pernambucano”: o período da ocupação holandesa (1630-1654) e a chegada de imigrantes da Europa Oriental a partir de 1920.