CADEIA EDITORIAL

Editores discutem origem e possibilidades do livro em workshop

Philippe Wollney, da Porta Aberta, e Rodrigo Acioli, da Titivillus, ministram o curso no sábado (4)

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 01/08/2018 às 16:05
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Philippe Wollney, da Porta Aberta, e Rodrigo Acioli, da Titivillus, ministram o curso no sábado (4) - FOTO: Divulgação
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Saber o que é um livro, em geral, todos sabem. A diferença está em saber o que é possível fazer com ele – as suas particularidades, ferramentas e horizontes. Os editores pernambucanos Philippe Wollney e Rodrigo Acioli realizam neste sábado (4/8), às 19h, na Casa Ceça, um workshop para refletir sobre o formato dos livros. O encontro, chamado Escavações Editoriais – História do Livro, do Editor, do Autor, está com inscrições abertas na plataforma Sympla, com o preço de R$ 40.

Os editores – Philippe mantém a Porta Aberta, enquanto Rodrigo toca a Titivillus – propõem um olhar crítico para a história e as mudanças do livro. Assim, a ideia do curso é mostrar como a edição e publicação de uma obra é também um processo criativo.
Os dois se conheceram em 2014, quando Rodrigo foi a Goiana realizar uma oficina de quadrinhos. Depois disso, a dupla começou a trabalhar junta em publicações independentes, até criar, em 2017, durante uma residência editorial em Curitiba, um “manual grafetivo (Gráfico+Afetivo) de publicação independente chamado Futuro Pristino”.

“Dessa residência ficou e inflamou o substrato para diversas inquietações, questionamentos e dúvidas sobre o mercado editorial, sobre práticas de publicação, distribuição e edição. Então, esse workshop é o início de algo maior, de um curso de editoração para publicações independentes, onde nós buscamos apresentar nossas pesquisas e questionamentos, onde se pretende apresentar aos interessados um olhar mais profundo sobre o objeto, suas particularidades, seus elementos e como o tempo dos homens interfere nele, o muda, o altera”, comenta Philippe.

PENSAR A ESCRITA

Para o editor e poeta, um dos vencedores da quarta edição do Prêmio Pernambuco de Literatura, com o volume Ruminosas Ruminâncias, conhecer os meandros da criação dos livros é importante também para pensar a escrita. “O suporte interfere em como se lê, interfere em como se pensa o texto e em como se apreende o texto. Também é importante perceber que linguagem, texto e o suporte (livro) são coisas distintas. E cada suporte possibilita também vantagens e desvantagens. E entender essa história é poder se apoderar da estrutura do objeto para poder também utilizá-lo como elemento narrativo”, explica.

Phillipe ainda destaca a edição como um momento de “acabamento da escrita”. “E também acredito que sejam coisas distintas, edição de texto e edição de livro. Existe saberem em comum e específicos. Um trabalha com a materialização da linguagem (ou de signos), ou outro é uma trabalho sobre um objeto físico, limitado, um suporte. É como Ulisses Carrión diz ‘um escritor, ao contrário da opinião popular, não escreve livros, e um livro é uma sequencia de espaço-tempo’”, aponta.

Mesmo com as muitas mudanças que o livro passou ao longo do tempo – dos copistas às edições digitais, passando por máquinas de impressão e experimentações –, o editor aposta na persistência e resistência do formato. “Acredito que o livro físico como conhecemos continuará por muito tempo. Acredito também que não há crise do livro acredito que há é a crise de um modelo de mercado, de um modelo de se vender e de se distribuir os livros”, afirma. “Os livros eletrônicos, como outros suportes, têm a suas funções e dialogam com necessidades profundas, por exemplo, eles resolvem o problema do espaço físico de armazenamento e facilitam o acesso a obras raras, entre outras coisas.”

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