Música

Abrafin é esvaziada pelo Fora do Eixo

Pernambuco deixou de contar com representantes na entidade

AD Luna
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AD Luna
Publicado em 23/12/2011 às 6:01
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“É muito sintomático que grandes festivais como Abril pro Rock e Rec-Beat estejam fora da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin). Ela foi perdendo o foco e acabou por se tornar um apêndice do Fora do Eixo (FdE)”. Assim pensa o produtor Antônio Gutierrez, o Gutie, idealizador do citado Rec-Beat, a respeito do seu desligamento e de outros 14 eventos da Abrafin, comunicado semana passada. Esse número também inclui a Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo), que se desligou esta semana. Com isso, Pernambuco deixou de contar com representantes na entidade.

Segundo Gutie, os dirigentes da Abrafin não souberam lidar com as críticas, e a forma como Pablo Capilé, principal articulador do Fora do Eixo, expôs suas opiniões em vídeo publicado na internet (no qual ele diz que Pernambuco “é a personificação do rancor”) demonstra como as coisas estavam caminhando na Associação.
“Capilé teve uma reação desequilibrada, que mostrou falta de preparo. E isso não é papel de uma liderança. Quando você faz críticas, é preciso se preocupar com a forma que você as coloca e ter números e informações bem fundamentadas. Caso a exposição seja mal feita, ela pode desviar do tema e de seu objetivo completamente”, analisa.

Lu Araújo, organizadora da Mimo, segue o mesmo raciocínio de Gutierrez e lamenta a postura de Capilé. “Me senti muito impactada e agredida com as declarações dele. Mesmo não morando em Pernambuco, lido com a cena do Estado”, afirma.

A respeito da saída do seu festival do quadro da Abrafin, Lu Araújo exalta o ineditismo e a importância dos trabalhos iniciais dessa entidade. Mas aponta que, nos últimos dois anos, por conta da aproximação com o Fora do Eixo, o descontentamento de parte dos membros estava se acentuando. “Acho o movimento do FdE importante. Fazem coisas bacanas, mas há certos pensamentos com os quais não dá pra concordar, a exemplo dessa história de ‘artista como pedreiro’”.

“As ideias iniciais tanto do Fora do Eixo quanto da Abrafin eram muito boas, mas o modus operandi deles é bastante questionável. Eles perderam o que deveria ser o seu principal foco: a música, a valorização do artista. Aliás, seria bom perguntar por que o festival de Capilé (o Calango, que acontece em Cuiabá) não aconteceu”, opina o cantor e apresentador China, um dos mais veementes críticos dessa rede de produção musical independente. “E outra coisa: o cara mete o pau em Pernambuco sem ter argumentos relevantes. Tem que visitar o lugar, passar um tempo para entender o que acontece”, complementa o músico.

O FdE chegou a ter um ponto de articulação no Recife – o Lumo Coletivo. No entanto, não foi bem sucedido. Para o jornalista e produtor Jarmeson de Lima, do festival pernambucano No Ar Coquetel Molotov, a atuação do Fora do Eixo funciona relativamente bem em cidades mais “carentes” de opções culturais. Algo como o Recife de uns 20 anos atrás.

Na visão de Jarmeson, a cena cultural de Pernambuco, mesmo com as muitas dificuldades ainda existentes, atingiu certo grau de profissionalização. “Existem diversas produtoras de eventos para gêneros musicais segmentados e quase todos eles com êxito no que fazem. Isso inclui desde quem trabalha com cultura popular no interior do Estado, a produtores de eventos de reggae e samba na capital. Logo, não havia ‘territórios’ a serem conquistados pelo Fora do Eixo”, observa.

Leia a reportagem completa no Caderno C desta sexta (23).

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