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Morrissey encanta plateia em São Paulo

Ex-vocalista do Smiths focou show em canções solo

AD Luna
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AD Luna
Publicado em 12/03/2012 às 12:21
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São Paulo - Com ingressos esgotados há semanas, o cantor inglês Morrissey encerrou neste domingo (11), no Espaço das Américas, em São Paulo, a pequena turnê que fez por três capitais brasileiras (Belo Horizonte e Rio de Janeiro foram as outras duas), depois de 12 anos de ausência no País. Apesar de ter sob o peso dos seus ombros a lembrança de que foi o vocalista do The Smiths (uma das mais importantes, influentes e amadas bandas do planeta), o artista de 52 anos, cabelos grisalhos e boa forma, mostrou repertório calcado, principalmente, em sua carreira solo - o que não atrapalhou o bom andamento do seu show. Pelo contrário.

Na pista imediatamente em frente ao palco, era possível ver diversas pessoas com as faces voltadas para o céu e com olhos fechados, cantarolando até canções menos conhecidas do músico, naquele típico gesto de viagem ao interior do ser com a ajuda da música. Grande parte da plateia era formada por gente de vinte, trinta e poucos anos. Os quarentões e cinquentões também lá estavam, mas em menor número. 

A renovação do publico de Morrissey (tendência também observada em outros países, cuja mostra pode ser colhida em vídeos de shows do cantor mundo afora publicados na internet), talvez se explique por uma espécie de novo auge vivido por ele a partir do lançamento de You are the quarry, em 2004. Um álbum tão bom e tão recheado de hits, que poderia até ser equiparado aos melhores momentos do Smiths. O show do domingo foi aberto com First of the gang to die, justamente um dos sucessos daquela obra. 

Também entraram canções dos mais recentes Ringleader of the tormentors (2006) e Years of refusal (2009), de álbuns mais seus mais antigos - a exemplo de Everyday is like Sunday, do Viva hate (1988), em um dos momentos mais emocionantes do concerto - e algumas poucas da sua antiga banda. Logo após dizer que "agora que já nos conhecemos bem", o cinquentão e sua competente banda ofereceram ao público versão mais cadenciada de There is a light that never goes out. O Espaço das Américas, obviamente quase veio abaixo com esse clássico do The Smiths.

Em Meat is murder (Carne é assassinato), outra do Smiths, versos como "A carne que você animadamente frita/ A carne em sua boca/ É você saboreando o sabor de assassinato" eram ainda mais carregados de dramaticidade por conta de imagens de maltratos desferidos contra aves e bovinos exibidos no telão armado no fundo do palco.

Nesse momento, era possível sentir certo desconforto no ar. Provavelmente porque, ao contrário do vegetariano e militante pró-direitos dos animais Morrissey, a maioria dos seus fãs ali presentes talvez não era adepta das crenças do ídolo. Tanto que, ao final do show, as barracas de cachorro quente do entorno encontravam-se cheias de compradores famintos.

A apresentação como um todo se desenrolou em ótimo ritmo, com pausas pequenas entre uma música e outra e com o cantor se comunicando sucinta, porém, certeiramente com o público. Ele até ganhou de alguém da plateia o que parecia ser um vinil do New York Dolls, uma de suas bandas preferidas.

No bis, Morrissey voltou ao palco com a bandeira do Brasil enrolada ao corpo como se fosse uma saia e tocou One day goodbye will be farewell. O show acabou perto das 23h, um excelente horário que permitiu a muita gente voltar para suas casas de ônibus, trem e metrô. Fica o exemplo para os produtores que insistem em marcar shows tarde da noite, dificultando a vida do público que os frequentam (alô, Recife!).

 

 

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