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Morrissey faz show marcante no Rio

O ex-vocalista do The Smiths lotou a Fundição Progresso, no bairro carioca da Lapa, apresentando sucessos da carreira solo e da lendária banda oitentista

Renato Contente
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Renato Contente
Publicado em 12/03/2012 às 6:03
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Rio de Janeiro ­– Quem caminhava até o final da fila que arrodeava alguns quarteirões da Fundição Progresso, no bairro da Lapa, na noite da última sexta-feira, se deparou em todo o percurso com uma legião de rostos ansiosos e meio perdidos. Dando ares dos anos 1980 ao coração boêmio carioca, a multidão, vestindo camisas pretas com o rosto icônico de Morrissey, transpirava incredulidade na espera para ver o show do ex-vocalista do The Smiths.

Já dentro da casa de espetáculos, depois da abertura com a performática Kristeen Young, foi exibida uma fantástica série de vídeos de músicos que influenciaram Morrissey musical e esteticamente. Pontualmente à 0h, o cantor subiu ao palco para iniciar a noite em alta com First of the gang to die. Os integrantes da banda, entre eles  Jesse Tobias, ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers, usavam apenas uma cueca boxer amarela (à exceção do guitarrista Boz Boorer, que tocou com peruca loira e vestido), enquanto o líder, de 52 anos, esbanjava jovialidade na camisa meio desabotoada, com direito, em determinado momento do show, a atirá-la aos fãs eufóricos.

Com o carisma e movimentos enérgicos que se sedimentaram à sua imagem desde o início da extinta banda, há três décadas, Morrissey mostrou, através de gestos e interpretação, que manteve intacta sua ferocidade em canções como Still ill e Everyday is like Sunday, acompanhadas em uníssono pelos fãs.

Na sequência, Speedway, You’re the one for me, Fatty e I will see you in far off places deram pistas de que o repertório seria idêntico ao primeiro show brasileiro da turnê, em Belo Horizonte, dois dias antes. Com a “smithiana” Meat is murder, o cantor escancarou seu vegetarianismo com imagens pesadas, no telão, de animais sendo abatidos. “Não, não é outra coisa, é assassinato”, concluiu os vocais da música, se retirando do palco para deixar que os mais de cinco mil fãs que lotavam o lugar se concentrassem nos macabros registros em vídeo.

Durante o show, o cantor, famoso por alfinetar a família real britânica em suas declarações, criticou a ida do príncipe Harry ao Rio, em compromisso oficial. “Ele veio pedir dinheiro para vocês. Por favor, não deem”, disse.

Já perto do final, Morrissey preparou uma sequência arrebatadora que teve início com uma versão mais delicada de There is a light that never goes out, canção-síntese do The Smiths e seu maior sucesso. Ainda extasiados, os fãs receberam I'm throwing my arms around Paris e o hit Please, please, please let me get what I want, antes da conclusão com How soon is now?. Para o bis, One day goodbye will be farewell, seguido de um sonoro “Obrigado!", deixou os presentes mais do que satisfeitos com o espetáculo. Se há, de fato, uma luz que não se apaga, esta reside nos fãs de Morrissey e do The Smiths.

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