Quem chegou por volta das 23h no Baile Perfumado na noite da última sexta (30), horário marcado para início dos shows de Otto e Junio Barreto, achou estranho o fato de o local ainda estar praticamente vazio. Pouco depois da meia-noite, entretanto, o público pareceu chegar de uma vez só quando Junio Barreto subiu ao palco para o show baseado nas canções do álbum Setembro, lançado no ano passado.
Ainda que com um público não tão numeroso (mas que foi aumentando na medida em que a apresentação seguia), Junio chegou animado com sua banda para abrir com Bonita de pedra e céu. Logo depois, ele apresentou seus companheiros de palco, formada por nomes como o pianista Vitor Araújo, que emprestou sua ira aos teclados, e Vinícius Sarmento, com seu dedilhado extraordinário no violão. "É uma honra imensa ter como companheiros músicos desse nível", frisou, em mais de um momento da apresentação.
O show continou com Setembro, Qualé mago e Jardim imperial, além do sucesso Santana - acompanhado pelo público -, já gravado por intérpretes como Gal Costa e Maria Rita. Alguns dos momentos mais envolventes foram Passione - música bem recifense sobre um amor intenso - e Se vê que vai cair deita de vez. Do início ao fim, passinhos apaixonados e reverências sem fim a Junio Barreto.
O aguardado novo espetáculo de Otto, baseado no álbum recém-lançado The moon 1111, começou pouco antes das 2h, com um público já bem numeroso (ainda que não tenha lotado a casa) e esquentado pelo show anterior. Vestindo branco, assim como parte de sua banda, o pernambucano de Belo Jardim abriu a apresentação com a nova Exu parade, canção que parece ter sido concebida para ser um dos momentos altos de qualquer show que venha a fazer: "O mundo todo viu, o homem se partiu/ porque não se curvou/ e é por isso que eu chamo vocês pra festa!".
Otto ainda saudou os bairros recifenses pelos quais nutre carinho especial: "Recife, boa noite! É muito bom estar aqui hoje! CDU, lugar onde eu cresci, Engenho do Meio, Casa Amarela, boa noite!". Depois de, como de costume em seus shows, se banhar com uma garrafa d'água e levantar a camisa, Otto levou ao Baile Perfumado, já a seus pés, The moon 1111 e Dias de janeiro. As músicas de álbum-megahit Certa manhã acordei de sonhos intraquilos (2009) - disco que Otto demorou para se desapegar e, então, partir para outro álbum - mostraram que já ostentam status de clássicos quando ele começou Filha e emendou com Janaína.
O que se seguiu a partir daí foi uma mescla dos dois últimos dois álbuns (o "queridão" e o lançamento) e algumas canções essenciais - como Ciranda do maluco. Foi show para se entregar da abertura ao bis.