Com Bandarra, primeiro disco solo lançado no final de 2011, o pernambucano Tibério Azul teve no ano de 2012 o ano mais importante de sua carreira. A frente de projetos reconhecidos na estrada, como a banda Mula Manca & a Fabulosa Figura e o grupo ainda em atividade Banda Seu Chico, a estreia no projeto com seu nome foi bem recebida em todo o País. Além de participações memoráveis em festivais como o Rec-Beat e o Abril Pro Rock, o artista, cujo nome colecionou elogios em publicações nacionais, levou sua turnê para o Rio de Janeiro, São Saulo, Curitiba e Natal. Na internet, o músico que não abre mão das contas no Facebook e Instagram, como canal para os fãs, somou quase quatro mil discos vendidos, 20 mil downloads e cerca de 40 mil visualizações do clipe Veja só. O músico e poeta falou ao Jornal do Commercio sobre as conquistas do ano que passou, mas também das expectativas para 2013, as novas parcerias e o segundo álbum solo. Confira a seguir a entrevista exclusiva.
Jornal do Commercio - Comente sobre o caminho trilhado entre o lançamento de Bandarra, no final de 2011, até hoje, último dia de 2012.
Tibério Azul - Lancei Bandarra sem grandes expectativas. Isso porque tinha tomado uma decisão logo quando resolvi sair em carreira solo: caminhar conforme a estrada. Me propus a largar a agonia, os planos exagerados, a ansiedade, o controle, a busca pelo sucesso... e fazer somente poesia. A mesma poesia que tantos já fizeram e tantos ainda farão. Hoje me parece que essa foi boa chave para a porta de entrada.
Lancei o disco e já na estréia Paulo André do Abril Pro Rock apareceu para assistir e percebi que algo começava. Recebi convite para abrir o show de Los Hermanos, depois para o Rec-Beat, para o PE Nação Cultural em Arcoverde e para o Festival de Inverno de Garanhuns. Tudo acontecendo sem qualquer controle, da mesma forma espontânea que a que tínhamos dado vida ao Bandarra.
As pessoas começaram a se apropriar do álbum assim como um abraço entre duas pessoas não pertence a nenhum dos dois e aos dois ao mesmo tempo. Me senti honrado e abençoado pela minha cidade e estado com toda repercussão que se deu e me senti disposto a desbravar mais lugares.
Com isso parti em turnê por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Natal e fiquei ainda mais extasiado ao perceber o acolhimento que me esperava nesses lugares. Em todos os cantos por onde passamos fomos recebidos com um cuidado e gentileza cativantes, desde produtores, público até artistas contemporâneos.
Até agora a ficha não caiu de tudo o que está acontecendo. Mas acho que prefiro que ela não caia nunca. Tem sido saboroso isso tudo.
JC - Não há dúvidas de que 2012 foi um ano definitivo para o engrandecimento e reconhecimento de sua carreira solo. Quais momentos do ano você destacaria como peças-chave para esse resultado?
Tibério - Creio que o Abril Pro Rock e o Rec-Beat foram marcantes. O Rec-Beat foi a minha estréia, a benção que recebi de Recife na sua festa mais poética. E o Abril (Pro Rock) que me colocou em outro patamar, inclusive com os resultados que obtive nessa noite com 1 mil discos vendidos no festival.
Além desses dois momentos, destacaria a turnê pelo sul e sudeste. Tivemos uma resposta fabulosa e ficavamos cada vez mais surpreendidos. Tanto com a resposta do público como da crítica. Foi interessante perceber como o disco foi absorvido em tantas partes e lugares diferentes.
JC - O que você mais gostou de ouvir em 2012?
Tibério - Ouvi muito amigos próximos e amigos que fiz na estrada. Fiquei encantado com o novo trabalho genial de Vítor Araújo, com a voz de Filipe Catto, o olhar de Leo Cavalcanti, o sorriso de Tulipa, a presença de Clarice Falcão, os bons sentimentos da Banda Mais Bonita da Cidade, a essência de Siba, o sangue de Lira, a massa sonora de Os Sertões e tantos outros mais. E nesse ano também me abracei ainda mais a George Harrison, um amigo que fiz na estrada.
JC - Há uma tendência geral por parte da mídia de se agrupar artistas por geração, região ou mesmo movimento. Nesse sentido, qual sua opinião sobre ser direcionado ao termo pós-mangue (ou “tsumangue”)? A alcunha incomoda como uma sombra do Manguebeat, ou é uma localização histórica para uma cena que, longe de sombra, trouxe um sol mais quente à música pernambucana?
Tibério - Eu particularmente fico todo orgulhoso, garboso qui só a gota. Entendo a necessidade da mídia por rótulos, e compreendo que as pessoas não se congelam apenas nisso. Por vezes o rótulo da imprensa é só um passo até o disco ou o show. De lá em diante é pessoal.
Acho a atual cena de fato ensolarada, cheia de energia, criatividade. Fico lisonjeado de estar vivendo e convivendo nesse momento com artistas impressionantes como Lira, Siba, China, Mombojó, Orquestra Contemporânea, Zé Manoel, Vítor Araújo e tantos outros.
JC - Como anda a concepção (influências, processo de pesquisa, elementos utilizados) do sucessor de Bandarra? Se o primogênito veio como “o caminho que vai dar no sol”, onde você espera chegar com o segundo álbum?
Tibério - Bandarra é um disco que não se bastou nele. Durante sua concepção percebi que teria que estender aquilo que tinha em mãos e me propus a uma sequencia de quatro discos, uma quadrilogia. Desde então, já tenho desenhado, pensado, pesquisado e brotado poesia para esse futuros filhos. O segundo disco já está com quase todas as composições finalizadas e começo agora a conversar com China, Chiquinho, Homero e Yuri Queiroga sobre os caminhos estéticos. Ele terá ainda mais a presença dos meus dois maiores parceiros da poesia: Vítor Araújo e Castor Luiz. Ah, e respondendo a sua resposta sobre onde espero chegar no segundo disco: na água.
Confira a entrevista completa no Jornal do Commercio desta terça (7), no Caderno C