De 1965, quando lançou o primeiro LP, pela gravadora Cantagalo, de Pedro Sertanejo, até 1972, Dominguinhos era conhecido apenas no universo do forró. Com a cantora e compositora Anastácia, com quem viveu, se tornou um compositor requisitado. Porém, foi pelas mãos dos tropicalistas que Dominguinhos fez a ponte entre o forró do povão e a MPB universitária. Com Gal Costa e Gilberto Gil viajou pela primeira para a Europa. No tropicalismo, curiosamente, a sanfona não teve vez, até que os baianos descobriram o garanhuense na banda que acompanhou Luiz Gonzaga na fundamental temporada Luiz Gonzaga volta para curtir, no teatro Tereza Rachel, em Copacabana, no Rio. Depois da temporada, Ele foi convidado para a banda de Gal Costa e aceitou. Gil conseguiu o maio sucesso de sua carreira até então, quando, m 1972, gravou Só quero um xodó, de Dominguinhos e Anastácia (um xote lançado por Marinês, que não passou de um sucesso menor regional).
Louvado pelo talento como sanfoneiro e como compositor, Dominguinhos foi o primeiro forrozeiro com livre trânsito entre as mais diversas facções da música brasileira (Sivuca conseguiu isto antes dele, mas foi só ocasionalmente do forró). Em 1973, viajou pelo Brasil com Luiz Gonzaga e o Quinteto Violado, inaugurando o primeiro circuito universitário da MPB. Estreitou o relacionamento com o quinteto a ponto de suscitar boatos de que seria o sexto “Violado”. Ele alegou na época que havia deixado a banda de Gal Costa para tocar com o Quinto Violado porque tinha mais a ver com a sua música. Foi mais de ano de convivência: “Ele gostava de dirigir o ônibus do Quinteto. A gente ia revezando na estrada. Chegou a rolar a história de que ele entraria para o Quinteto, depois que fizemos shows no Museu de Arte Moderna no Rio”, conta Marcelo Melo, do Quinteto Violado. Mas Dominguinhos logo estaria na banda de Gilberto Gil, como um dos principais integrantes, e co-autor do dois maiores sucessos do disco Refazenda: Tenho sede, outra parceria com Anastácia, e Lamento sertanejo, assinada com Gilberto Gil.
Daí em diante, em carreira solo, casado com uma conterrânea, a cantora Guadalupe Mendonça (com quem teve a filha Liv Moraes), Dominguinhos consolidou-se como um dos grandes nomes da música popular brasileira, com a rara capacidade de ser querido do povão, e cult entre seus pares. Afinal poucos compositores no Brasil podem ostentar no currículos parcerias com Chico Buarque. E Dominguinhos sempre manteve uma saudável promiscuidade nas parcerias: Guadalupe, Nando Cordel, Fausto Nilo, Manduka, Abel Silva, Gilberto Gil, alguns dos que assinam música com o garanhuense. No entanto, apesar de todo prestígio, elogios, Dominguinhos ainda se se ressentiu do ranço do preconceito contra o forró. Com pelo menos seis dezenas de discos lançados, a quantidade em catálogo é ínfima. A maioria da obra de Dominguinhos nem sequer foi lançada em CD. O que se encontra nas lojas são lançamentos mais recentes, boa parte com selo da Biscoito Fino.