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Nelson Cavaquinho é homenageado por Fred Zeroquatro em esquema noise

Vocalista da Mundo Livre S/A revista o disco de 1973 de Nelson nesta sexta, na Casa da Mãe Joana

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 01/11/2013 às 6:30
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É com uma sincera e melancólica mensagem que Nelson Cavaquinho abre a última faixa de seu disco homônimo, de 1973, Visita triste, quando tinha 62 anos. “Boa noite, minha gente. A saudade está me acabrinhando... Vocês que sejam felizes”, declama o compositor da voz rouca e imenso talento não apenas para o instrumento que leva no nome, mas principalmente para o violão. Assim como a música que fecha o álbum, muitas das outras canções trazem letras belas e nostálgicas ao mesmo tempo. É esse espírito e essa grandiosidade musical que Fred Zeroquatro pretende resgatar nesta sexta, na Casa da Mãe Joana. 

O show – já apresentado em solo paulistano – faz parte do projeto 73 Rotações, do Sesc de São Paulo, que traz quatro artistas contemporâneos revisitando álbuns marcantes do ano de 1973. Além de Fred e Nelson, Karina Buhr interpretou Secos e Molhados; Cidadão Instigado, The dark side of the moon (do Pink Floyd), e Céu revisitou Catch a fire, de Bob Marley and The Wailers.

Zeroquatro estava longe de adotar o nome artístico ou sequer pensar em antenas parabólicas fincadas no mangue quando Nelson Cavaquinho foi lançado. Aos 11 anos, o futuro vocalista da Mundo Livre S/A ouvia samba por causa do seu pai. Mas na época em que começou a estudar violão acabou se aproximou do hard rock. “Antes do projeto, eu conhecia algumas da música desse CD porque muitas delas já haviam sido gravadas por outros artistas. Mas nunca tinha escutado o álbum de cabo a rabo”, conta.

A roupagem das composições de Nelson Cavaquinho mostrada hoje envolve ritmos mais atuais, “uma melancolia urbana, meio samba psicodélico e trip rock”, nas palavras de Zeroquatro. O cantor, que toca cavaquinho, violão e guitarra no show, se vê acompanhado por um trio já conhecido do público: Lucas dos Prazeres na percussão, Leonardo Domingues no teclado e o DJ Renato da Mata. 

O maior desafio do grupo para reformular as canções foi a falta de material. “No final da vida, Nelson tocava seu violão só com dois dedos. Os maestros tinha que se virar para conseguir perceber quais eram as harmonias”, diz Zero Quatro. “Não tinha quase nada na internet e passei horas estudando e tentando descobrir as harmonias. Pude me familiarizar bem com a obra. Faixas como Caminhando e Vou partir foram me consumindo. É um privilégio ter recebido essa missão.”

A aproximação entre o pernambucano e a obra do músico carioca foi tão frutífera que pode resultar na continuação de um projeto voltado a Nelson ou ao samba de um forma mais geral, abrangendo mestres como Noel Rosa, Cartola e Jacob Bandolim. “Estamos vendo como o pessoal está recebendo, a empolgação da galera”, finaliza. Mas a expectativa que deixa é que ainda haverá muito samba no pé e no cavaco.

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