Uma flor, um jasmim e o amor em sua mais bruta forma. Uma guitarra distorcida e a influência psicodélica. O elo entre todos esses elementos é a banda goianiense Boogarins. O nome do quarteto é inspirado no tipo de jasmim bogarim: amor puro. A banda se apresenta terça-feira, último dia do Rec-Beat, às 20h, dividindo a noite com Emicida, Skip & Die, Graxa e João Donato.
Essa será a segunda vez que Fernando, Benke, Hans e Raphael tocam na capital pernambucana, mas a primeira para um grande público. “A gente fez um show na festa de abertura do Coquetel Molotov, em outubro do ano passado. No Carnaval vai ser bem diferente”, diz o guitarrista Benke. O grupo inicialmente criado como dupla por Benke e Fernando nasceu como muitas bandas, de maneira despretensiosa. Era um projeto dos dois amigos como hobby de fim de semana, quando se encontravam e gravavam músicas que iam brotando antes mesmo da Boogarins florescer. O registro foi denominado de Plantas que curam. O nome foi tirado do rótulo de um remédio da avó de Benke para evitar derrame.
Para o show de terça, o quarteto vem com um repertório formado pelas canções lá lançadas e outras do álbum que estão por vir. Fortemente influenciados pela psicodelia setentista, o Boogarins mescla as melodias com letras em português, mas com som próprio e não cópia de riffs de Jimi Hendrix. Permanecer letrando na língua mãe, apesar da presença gringa dos artistas consagrados que deram origem ao grupo, é uma escolha que será mantida no disco de estreia, ainda sem nome, nem previsão de lançamento. “Temos algumas composições em inglês, mas achamos que não se encaixa. Não soa natural ainda cantar em outra língua”, ressalta o guitarrista.
As plantas que curam é formado por dez faixas, dentre as quais se destacam Lucifernandis, Doce, Hoje aprendi de verdade e Despreocupar. A psicodelia que inspirou a dupla foi a dos Beatles e, mais recente, Tame Impala. Mas, ultimamente, o movimento Udigrúdi pernambucano também vem sendo importante. “O que chegou primeiro na gente foram os gringos. Conhecíamos daqui Mutantes, o movimento gaúcho liderado por Cachorro Grande e o Clube da Esquina. Alceu Valença e Ave Sangria são artistas que venho escutando bastante nos últimos tempos”, diz Benke.
Como acontece com certa frequência com boas bandas brasileiras, inicialmente ignoradas pelo mercado local, a Boogarins foi apadrinhada por um selo estrangeiro, o norte-americano Other Music Recordings. Foi através dele que lançaram o disco, lançarão o próximo e realizam a partir de março uma turnê pela Europa e Estados Unidos. Tudo ocorreu de forma rápida para a banda que mal completa um ano de existência. O show no Recife será um dos últimos antes da viagem. “Nunca passei o Carnaval no Nordeste. Já ouvi falar no festival e nossos amigos da Macaco Bong disseram que vai ser a festa mais louca das nossas vidas”, finaliza.