A Orquestra Sinfônica do Recife começa seu ciclo de concertos de 2015, na próxima quarta, no Teatro de Santa Isabel, com motivo especial para celebrar. Depois de 14 anos de reivindicação da classe artística, enfim, o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) dos seus músicos e da Banda Sinfônica vai sair do papel. O anúncio oficial foi feito ontem pela Prefeitura da Cidade do Recife. O projeto de lei foi aprovado por unanimidade na Câmara do Vereadores, terça-feira, e já entra em vigor ainda em março.
O plano aumenta o número de níveis de carreira dos profissionais de 9 para 15 categorias; ajusta em mais de 50 % os salários em 2015 e, ainda, traz mudanças nos valores de gratificação por produtividade e aumento também do salários dos músicos aposentados (ver arte ao lado).
A secretária de Cultura Leda Alves, que destacou o PCCV como um incentivo e fortalecimento do trabalho dos dois grupos de “patrimônios da cultura do Recife”, ainda afirmou que a conquista é apenas a primeira de ações que devem beneficiar a Orquestra e a Banda. “Em breve teremos um concurso para novos músicos e a compra de instrumento, que demandam verba, mas são prioridades”, disse ela.
Desde 2001, os músicos cobram à prefeitura a criação deste plano. Só em 2013, o debate foi efetivamente retomado, com a criação de uma comissão, formada por músicos da Orquestra e da Banda, além de representantes da PCR.
Feliz com a conquista, o maestro Marlos Nobre ratifica o pensamento de Marconi, e acredita que agora a Orquestra caminha revigorada. “Quando eu cheguei, o clima era desastroso. Havia muitas cisões. Eu usei a tática a de unir para governar. Estavam desiludidos, após dez anos sendo enganados”, recorda o pianista.
O momento é considerado histórico, para o maestro da Banda Sinfônica do Recife, Nenéu Liberalquino. “É o passo para que a gente incentive, inclusive, os músicos a se empenharem cada vez e, na oportunidade de abrir concursos públicos, tenhamos mais números de inscritos e pessoas interessada”, diz ele. “Essa conquista vai ecoar cada vez mais num estímulo para que os músicos possam estar empenhados e dedicados ao oficio deles. Muitas vezes, em função dos baixos salários, você tem que dividir seu dia com muitos trabalhos.”
A flautista da Banda Sinfônica, Ivaneide Pereira, destaca o plano como “uma injeção de ânimo”. Segundo ela, os novos salários facilitam o crescimento dos profissionais que, agora, “também podem comprar instrumentos, fazer curso fora e se especializar nas suas áreas. Há três gestões municipais nos prometiam esse plano, que hoje é uma grande conquista”, comemora Ivaneide.
O mesmo afirma o percussionista da Orquestra Sinfônica, Homero Basílio. “Finalmente a prefeitura fez justiça com os músicos. Agora é preciso resolver a questão da nossa sede, já que o Teatro do Parque está em reforma. E também a falta de instrumentos da banda. Mas plano vem numa boa hora”, diz. “A Orquestra estava precisando de oxigenação. A escolha do maestro Marlos Nobre foi muito boa. Ele fez uma pressão boa junto ao prefeito e a Leda Alves, além de ter contado com a movimentação de alguns músicos, que falaram com os vereadores para deixá-los por dentro da situação.”