O grupo paranaense A Banda Mais Bonita da Cidade chega ao Recife neste domingo (17), para apresentação na casa de shows Estelita, e sua passagem por aqui não podia ser mais oportuna. O grupo foi pioneiro no lançamento de discos através de financiamento coletivo (crowdfunding) no Brasil, febre na produção independente nacional que tem mudado a forma de se pensar o mercado da música.
Com as gravadoras cada vez mais enxutas, os artistas se arriscam na produção independente, modelo de mercado de difícil sobrevivência e manutenção financeira. E aí, a “forcinha” dos fãs vem a calhar: com o financiamento coletivo são eles que assumem o papel ativo para o pagamento do registro sonoro, através de doações. Em troca, têm recompensas como prioridade para o recebimento de discos e lançamentos, camisetas e até mesmo ingressos para apresentações.
O modelo tem dado certo: um exemplo vem da banda capixaba Dead Fish, que conseguiu, no ano passado, arrecadar mais de quatro vezes o valor necessário para seu oitavo disco, Vitória, batendo os recordes de financiamento coletivo no site Catarse. Uma surpresa muito bem vinda para o vocalista Rodrigo Lima, que não utiliza redes sociais e, por isso, assume ter uma relação restrita com os fãs. “Foi uma surpresa enorme porque a banda estava há cinco anos sem lançar nenhum disco. E o público chegou junto”, afirma, creditando o sucesso à confiança construída nos 23 anos de banda.
“Antes de tudo, é um grito de independência importante. Porque, hoje, ou você junta sua grana e faz ou você espera alguém aparecer e comprar a ideia. E essa aproximação com as pessoas é mais importante ainda”, conta Uyara Torrente, vocalista da Banda Mais Bonita da Cidade. Segundo ela, a ideia surgiu do tecladista Vinícius Nisi, mais antenado às novidades, aproveitando o estouro do clipe Oração no YouTube.
No cenário pernambucano não é diferente, basta olhar para os últimos lançamentos locais. A Mundo Livre S/A acaba de gravar seu primeiro DVD através de crowdfunding; a banda Eddie atingiu, na última semana, a meta do seu recém lançado Morte e vida; e o cantor Siba está com campanha em andamento.
Para Fábio Trummer, vocal da Eddie, o crowdfunding é mais que bem vindo. No caso deles, o álbum já estava gravado e a campanha serviu para bancar a finalização e divulgação, em sistema de pré-venda. “É como se a gente já tivesse vendido 500 CDs, 300 vinis e 400 camisas e começássemos o lançamento com esse número enorme de discos nas ruas”, pontua. Segundo conta, a campanha coletiva incentiva ainda mais a independência do artista: “A gente não sabia que ia atingir a meta, mas o nosso público chegou junto, e a autoestima da banda cresce”.
Mas o músico alerta que é preciso ser cauteloso e pensar bem nas contrapartidas. “A gente observou que passou um pouco da meta, mas não muito. Para uma banda sobreviver profissionalmente é preciso que as decisões sejam tomadas com uma margem de acerto”, finaliza.
Confiro o álbum Vitória, da Dead Fish: