Ontem, o cantor Almério Feitosa gastou o feriado num shopping de Caruaru. Com amigos e membros da banda que o acompanha, o artista fazia campanha para si próprio. Aos 34 anos, depois do muitíssimo bem recebido disco de estreia batizado com seu nome, Almério está na final do programa Natura Musical. “Os dois mais bem votados terão o disco e uma turnê patrocinada”, diz o caruaruense que está entre os cinco finalistas de mais de duzentos inscritos no programa de fomento musical da empresa de cosmético que tem, nos últimos anos, revelado nomes e ajudado a ampliar a carreira de artistas consagrados como Otto, Marisa Monte, Tom Zé, Nação Zumbi e Ney Matogrosso.
Ampliação e continuidade de seu disco de estreia, Desempena é o segundo disco de Almério à espera de patrocínio e realização. No single Trêmula Carne, disponível no Youtube e no site do Natura Musical para conhecimento do público, ele desfila suas credenciais: o timbre seguro, andrógino, ligeiramente metálico, sobre uma poética rica em imagens num pop contemporâneo ancorado na linha evolutiva da música popular brasileira. Na canção de Juliano Hollanda, ele desfila a performance de agudeza teatral. “Quando Juliano me mostrou a música, eu disse, é essa. Achei ela forte, boa de interpretarele mostri, eu disse é essa. Achei ela forte, boa de interpretar”, diz Almério.
A escolha da canção de Juliano não é gratuita. Onipresente nos discos da novíssima geração da música pernambucana, Hollanda é produtor do disco. “Com a produção de Juliano, o disco deve ter mais minimalismos”, diz ele, assumidamente influenciado pelas tradicionais bandas de pífano de Caruaru. “Minha música tem a digital percussiva das bandas de pífano, essa sonoridade única que as bandas de pífano tem. Abafada, a zabumba de uma banda de pífano está mais para uma alfaia que para um pé de serra. Uma banda de pífano é uma bateria desmembrada”, ele diz.
Almério começou seu encolvimento com música aos 11 anos de idade. “Minha vizinha, que era namorada do meu irmão, tinha um violão e musicou uma letra que fiz”, ele lembra. “Era uma música incrivelmente cafona, com todos os clichês”, ri.
Mais tarde, aos 23 anos, Almério deu uma canja no Bar da Feira, em Caruaru. “Em uma semana, monteirepertório e fiquei cantando no bar”, diz ele. Na época, o cantor chamou a atenção por preterir o repertório mais óbvio da MPB dos compositores radicados no Rio e em São Paulo e investir em músicos pernambucanos como Azulão, Lenine, Chico Science, Silvério e Julio Barreto. Quando fez, num teatro da cidade, o show Almério canta Caruaru, largou seu outro emprego. “Eu trabalhava de dia numa banca de revistas e de noite me dedicava à música.
Antes da carreira solo, Almério já trabalhou com músicos locais como Walter Areia (Mundo Livre S/A), Julio Barreto, Ortinho, Herbert Lucena, Valdir Santos e Geraldo Maia. Em dezembro de 2013, lançou o primeiro disco, ganhador do Troféu Cata-vento da Rádio Cultura Brasil. Este ano, fez sua primeira turnê, pelo Nordeste. Recentemente esteve em parceria com o intérprete e compositor Geraldo Maia no projeto BabyBárbara - canções de Caetano&Chico por Almério e Geraldo Maia, com shows em várias cidades.
Com 27% dos votos computados até ontem, Almério vem liderando a votação. “Preciso de todo mundo agora para chegar lá. Conseguir fazer esse disco pelo Natura Musical é muito importante pra finalmente poder lançar meu trabalho nacionalmente. Importante não só pra mim, mas pra música da minha cidade”, ele diz. Os vídeos das entrevistas e das performances estão disponíveis no site oficial da Natura Musical: www.naturamusical.com.br. Para votar em Almério, é só clicar na arte Voto popular - Editais Natura Musical 2015. A votação será encerrada no final desse mês.