Um tema que tem mobilizado a sociedade portuguesa acaba de ganhar adesão de Chico Buarque. O compositor pediu para que seu nome fosse incluído na petição que pede intervenção de Portugal no caso Luaty Beirão, rapper e ativista angolano há 36 dias em greve de fome.
O abaixo assinado já conta com as assinaturas do escritor português Almeida Faria, o cineasta Béla Tarr, o filósofo Jacques Rancière e o diretor Gus Van Sant, entre outros signatários. Ao todo, já são mais de dez mil assinaturas.
A petição é dirigida ao ministro português das Relações Exteriores, Rui Machete, e ao embaixador lusitano em Angola, João da Câmara. Os signatários pedem que o governo português exija a libertação imediata de Luaty Beirão - preso junto a outros 16 ativistas. O grupo foi acusado de planejar um golpe de Estado e um atentado contra o presidente de Angola.
Foi o próprio Chico que pediu a uma amiga portuguesa orientações sobre como aderir à causa. A mensagem foi encaminhada para a jornalista Vanessa Rato, autora da petição.
Em seu perfil no Facebook, a jornalista lembrou a composição "Morena de Angola", de Chico, escrita para uma conhecida do Movimento Popular Pela Libertação de Angola (MPLA) -ironicamente, o mesmo partido do presidente angolano José Eduardo dos Santos, a quem Luaty Beirão se opõe.
O grupo foi preso enquanto discutia o livro "Da ditadura à democracia", do cientista político americano Gene Sharp, nome influente no ativismo não violento ao redor do mundo. A editora portuguesa Tinta-da-China anunciou, semana passada, que lançará a primeira tradução da obra em Portugal.
Sharp doou os direitos autorais para a causa.