Encontro

Maria Bethânia e mais seis cantores em celebração à música brasileira

Espetáculo no Recife juntou, além da cantora, Lenine, Chico César, Zélia Duncan, Arlindo Cruz, João Bosco e Camila Pitanga

Adriana Victor
Cadastrado por
Adriana Victor
Publicado em 07/12/2015 às 15:41
Fotos: André Nery/JC Imagem
Espetáculo no Recife juntou, além da cantora, Lenine, Chico César, Zélia Duncan, Arlindo Cruz, João Bosco e Camila Pitanga - FOTO: Fotos: André Nery/JC Imagem
Leitura:

Em tempos duros que havemos de atravessar, parece que a música brasileira pode nos servir honrosamente como redenção. É ela quem irá nos sustentar e indicar o melhor caminho até que voltemos, enfim, a enxergar a luz. Pelo menos foi esse o sopro de esperança que espalhou-se por palco e plateia na noite da última sexta, no show que celebrou Maria Bethânia, a sua trajetória com data redonda de 50 anos, o seu vigor e as suas verdades. 

Apesar de a casa de shows não ser das mais propícias para os bons espetáculos, o público festejou Bethânia, com abraços e gratidão. Em troca, pôde assistir a um grande espetáculo, sim. Além da cantora, seis convidados se revezaram no palco do show do 26° Prêmio da Música Brasileira – evento idealizado por José Maurício Machline que já foi batizado com outros nomes de patrocinadores.

Coube a Zélia Duncan as primeiras músicas. Ela abriu com a Rosa dos Ventos de Chico, já dando um sinal que o repertório iria agradar a muitos, o que de fato aconteceu. A cantora passou o bastão para Arlindo Cruz que veio com Sonho Meu e puxou o coro de “apesar de você, amanhã há de ser outro dia”. 

As apresentações, além do clima de congraçamento, tinham um tom de despedida. A turnê com tanta gente boa e junta no palco – sete cantores, além de músicos dos mais tarimbados, sob a batuta do mestre Cristóvão Bastos – já havia passado por Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília. Olinda era, então, o ponto de parada. 

 

MARIA BETHÂNIA-ANDRÉ NERY2

Música a música, cantor a cantor, o cenário de Gringo Cardia alternava belas imagens com fotografias antigas da celebrada Bethânia. Veio João Bosco com a Morena do Mar de Caymmi, dando show também no dedilhar do violão. Camila Pitanga compensou a pouca extensão de sua voz com graça, beleza, sorrisos, requebrados e uma linda dança.

“Para quem já foi vendedor de discos em Catolé do Rocha (PB), estar aqui é uma honra imensa”, bradou Chico César, cabra dono de um magnetismo que aumenta a sua estatura no palco em milhões de vezes. Momento raro foi vê-lo cantar Estado de Poesia, nome de seu último disco. 

Junto com Lenine, coube a dupla a parte declaradamente nordestina do show. Por isso, cantaram Lamento Sertanejo e Último Pau-de-arara. “Eu estou aqui para cantar para a minha mãe”, derramou-se Lenine, dirigindo-se a dona Dayse lá na plateia. 

Quem também ganhou merecidas reverências dos músicos foi Nana Vasconcelos, em batalha contra um câncer. “Vou passar bem por isso”, confessava depois do show.

MARIA

Leve, dançante, solta, sorridente, feliz. Assim entrou Bethânia no palco, depois que o seu primeiro nome foi cantarolado por cada um dos que a antecederam: “Maria, o seu nome principia na palma da minha mão...”.

E de novo agradeceu ao Recife, a alegria de voltar – havia se apresentado aqui no comecinho de outubro pela última vez. “Estou muito, muito comovida. Isso é muito grande pra mim, Recife. Gosto de ficar aqui. Gosto de ir embora para poder voltar”, derramou-se. “E ainda tenho que cantar para Iansã, minha Santa Bárbara. Tenho que cantar para ela”, declarou, lembrando que só nós os daqui a faríamos sair da sua Bahia justo no 4 de dezembro, dia dedicado a Iansã. 

Voltaram os cantores que, um a um, reverenciaram a homenageada. E a gente foi para a casa levando no coração a festa que vimos ali e ainda uma certeza: feliz do país que tem uma música como a brasileira. 

Últimas notícias