Para uma plateia plenamente consciente de sua importância para a música brasileira, Ângela Maria fez um emocionante recital, na sexta (12) à noite, no Teatro RioMar. Acompanhada apenas do violinista e agora arranjador Ronaldo Rayol, sem a orquestra habitual, desfilou clássicos do repetório que justificam seu posto de diva desde que surgiu, ainda no final da década de 1950, como uma das grandes rainhas da era do rádio no Brasil. "Cantar só com o acompanhamento do violão é uma forma de eu me ouvir melhor, eu canto muito alto, normalmente, com a orquestra. Assim, vocês podem perceber melhor nuances da minha voz", disse, para uma plateia referente e concentrada.
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Aos 86 anos de idade e 65 de carreira, a Sapoti desfilou uma vitalidade e potência vocais de fazer inveja à maior parte das novas cantoras brasileiras. Na inevitável Babalu, desfilou sua extensão assombrosa de mezzo soprano com prolongamentos de sílabas e notas que fizeram a plateia explodir em aplausos antes do final do número. Durante a execução de Ave Maria no Morro, do repertório da Dalva de Oliveira que ela procurava mimetizar no começo da cerreira, fez a plateia também se levantar para aplaudi-la no meio da musica.
O virtuosismo de acento jazzistico do violonista Ronaldo Rayol imprimiu nova roupagem e elegância a clássicos como "Nunca" (Lupicínio Rodrigues), "Retalhos de cetim" (Benito di Paula), "Só louco"(Dorival Caymmi) e "Manhã de carnaval" (Luiz Bonfá e Antônio Maria), além de seus grandes sucessos: "Gente Humilde", "Vida de Bailarina", "Tango Pra Tereza", "Lábios de Mel", "Falhaste Coração"...
A cantora também deu um show à parte: de bom humor. Ao cantar Cinderela, pediu para que a plateia a acompanhasse: "Gente, mas cantem com fé!!! Eu mesma desencalhei cantando essa música. Se cantarem com fé, desencalham como eu!", disse, provocando gargalhadas em cascatas. Foi, sob todos os aspectos, uma noite memorável.
