No palco, uma cantora com 40 anos de carreira, trazendo novamente para o Recife a turnê É Melhor Ser, uma celebração de seus clássicos e composições que ela tanto gosta. Na plateia, uma mistura singular de fãs que acompanham todos os shows possíveis da artista e outros que não frequentam tanto assim os teatros. O show de Simone quinta (28) à noite, no Teatro Guararapes, foi uma junção do trabalho erguido ao longo dos anos por ela com o fascínio, antigo ou renovado, dos seus admiradores.
Como não poderia deixar de ser, o Teatro Guararapes ficou lotado para a apresentação. Afinal, Simone já havia confessado e reitera o sentimento no palco: a apresentação, com ingressos vendidos a R$ 1, com direito a meia-entrada por R$ 0,50, é a realização de um sonho. Mesmo que ainda houvesse (poucos) cambistas na frente do teatro, os ingressos esgotados mostravam que essa foi a chance de vários fãs realizarem o sonho deles de ver uma apresentação da cantora nascida em Salvador – o preço acessível só foi possível devido ao patrocínio público e privado.
Logo na sua aparição no palco, com 25 minutos de atraso, Simone entoou, já acompanhada dos cinco músicos da sua banda, uma de suas mais conhecidas interpretações: Começar de Novo, composição de Ivan Lins e Vitor Martins, uma das raras músicas do show que não privilegiam o olhar e a autoria feminina. Com um cenário simples, mas com uma iluminação poderosa, a cantora se mostrou uma presença marcante aos 66 anos.
O show ainda traz canções de Rita Lee, Ivone Lara, Zélia Duncan, Marina Lima e Adriana Calcanhotto – a concepção é de Simone, que trabalhou com Christiane Torloni para compor o show. A artista ainda cantou Tô Voltando, Descaminhos e Ex-Amor, sempre muito aplaudida pelo público.
Um dos poréns da apresentação, no entanto, foi o repetido uso de flash por parte do público, a despeito dos avisos da produção e dos gestos de Simone, incomodada com a luz repentina por causa de um problema de saúde nos olhos.
A cantora inclusive reforçou, sempre simpática, o pedido feito antes do início da apresentação e até chegou a ensinar rapidamente como desabilitar o recurso. “Sempre fico muito feliz quando estou nessa terra. Podem tirar fotos e filmar à vontade, só que sem flash, por favor. E cuidado com dividir a atenção com a câmera; às vezes, quando você, o show passa, você não aproveita e ‘dança’”, comentou.