A internet proporciona descobertas musicais constantes. Este é o caso da Namöa, que se divide entre Recife e Igarassu. A banda formada por Camillo José, Jonatas Onofre e Julie Marie lançou em março seus dois primeiros discos numa tacada só: Terceiras Histórias e Diástole – amboas com download gratuito no www.namoa.bandcamp.com.
Os dois foram registrados de modo amador, lo-fi. Terceiras Histórias foi gravado em Itamaracá durante o aniversário de 46 anos do guitarrista John Frusciante (do Mars Volta, entre outros). É um trabalho acústico, com vocais em spoken word e faixas longas, com clima que remete à Quadrafônico, estreia de Alceu Valença e Geraldo Azevedo. Já Diástole foi gravado só por Camillo no aniversário da morte do poeta simbolista Cruz e Sousa. Diferente do primeiro, este álbum é mais eletrônico. São manipulações de samples de domínio público e arquivos de conversas em áudio do Whatsapp. O tom é introspectivo, quase confessional. Ao fundo, o som toca em reverso e imprime ares melancólicos, com destaque para faixa final, entitulada somente sua música falhará e assim virará cinzas a terra.
Camillo também possui possui outro projeto interessante: o Maui Mallard. O nome é uma referência ao jogo de mega drive Maui Mallard In The Cold Shadow (1995) e lida com um campo estético retro-futurista. Este ano lançaram três álbuns. Do Space Cowboys Dream of Banana Split, o mais recente, é uma releitura livre de Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas?, clássico da ficção científica escrito por Isaac Asimov e é descrito como "um mergulho ao universo suado e abissal da era de ouro da tv brasileira".
A Namöa faz sua estreia nos palcos neste sábado (18), às 23h, no Capibar, em evento gratuito do Dia da Música, abrindo os shows do mineiro Fábio de Carvalho e da Kalouv. Dada a impossibilidade da reprodução ao vivo, o repertório não será baseado nas faixas discos lançados. Serão novas músicas, com pegada shoegaze, que ainda não foram registradas em disco. Boa oportunidade para ver uma nova e inventiva banda da cidade.
