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Santa Cruz do Capibaribe tem festival musical de peso

O Capibaribe In Rock é uma espécie de epicentro para onde convergem as bandas do interior com fome de palco e plateia grande

GGabriel Albuquerque
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GGabriel Albuquerque
Publicado em 17/07/2016 às 10:05
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O Capibaribe In Rock é uma espécie de epicentro para onde convergem as bandas do interior com fome de palco e plateia grande - FOTO: Foto: Divulgação
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Com população estimada em 101 mil pessoas, a pequena cidade de Santa Cruz do Capibaribe possui uma das cenas musicais mais articuladas do interior. Uma das principais causas disso é a força do festival Capibaribe in Rock. Organizado há 23 anos por Roberto Oliveira, o “Beto Skin”, da banda de indie rock Le Freak, o evento traz grupos independentes de todo Estado. Em 2015, Capibaribe teve dois dias de música com os veteranos Zeca Viana, Stone Breeze e a própria Le Freak, além de abrir espaço para o sangue novo da Beth Morfina, Tartarugas de Patinetes, Verdes & Valterianos, entre outros.

Ao dar destaque para a música autoral, o festival foi fomentando uma nova geração de músicos que se formou acompanhado os shows. Foi assim que Olegário, da Blusões Azuis, decidiu trocar o violão pela guitarra: “Eu lembro que a primeira vez que eu saí de casa sozinho foi pra ir no Capibaribe. Eu vi a Calibre 768 tocando Born To Be Wild e fiquei: ‘caramba, eu preciso tocar guitarra!’”. Com Alex Felipe, vocalista da Beth Morfina, foi a mesma coisa: “2011 foi o ano em que comecei a acompanhar o Capibaribe in Rock. Eu vi um show da Calibre e da Resíduos, foi o primeiro show de rock que eu tinha ido. É mais massa você ver de perto porque você pensa que também pode estar ali. Eu já escrevia algumas coisas meio que como poema, mas graças a esses shows comecei a correr atrás e hoje lançamos um disco e estamos fazendo som”.

O cantor e compositor Nunes destaca que, além de produzir o Capibaribe, Roberto também é uma espécie de “padrinho”. “Eu fazia um negócio mais voz e violão e aí Beto apresentou Nick Drake com o documentário A Skin To Few. Ele também me indicou Joy Division. Inclusive, um dos momentos mais legais da minha vida foi ano passado, no palco alternativo do São João. Beto me chamou pra cantar Transmission com ele no show da Le Freak. E conversando com ele, a gente percebe que ele sabe muito e tem muita informação pra passar”, conta o músico.

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Santa Cruz também tem um espaço para realização dos eventos: a casa de shows Usina, que aos sábados abre espaço para o público mais alternativo. Além das bandas locais, a casa também recebeu shows de bandas elogiadas do cenário independente nacional como Gorduratrans (RJ), Lupe de Lupe (MG), Troco em Bala (CE) e a recifense Amandinho. Os shows foram organizados na raça e coragem por Nunes, que tem apenas 17 anos de idade. “O engraçado é que eu não tenho nem idade pra entrar nessas casas e eu tô produzindo os shows”, observa rindo.

Para Danilo Galindo, baixista e vocalista da Amandinho, tocar em Santa Cruz tem um gosto diferente. “A galera vai e parece que tem muita atenção na banda, fica ouvindo por ser algo diferente”. Jonathan Tadeu, baixista da Lupe de Lupe, classificou o show no município como “um dos melhores da turnê” nacional que eles realizaram em 2015. “Deu umas 150 pessoas e eles cantavam todas as letras de todas as músicas, até as menos conhecidas, aqueles lado B”, relembra.

Nunes acaba de se mudar para Maceió, onde cursa filosofia e divide apartamento com Ítallo França, um de seus companheiros na big band The Mozões. Ele prepara um novo álbum, que promete ser mais maduro e bem produzido que seu EP de estreia. Longe de Santa Cruz, não deve mais produzir shows por lá. Mas a cena segue firme. O veterano Beto analisa: “Eu vejo que hoje em dia não tem mais preconceito entre estilos. Todo mundo vai no evento do outro, seja de metal ou de indie rock ou o que for. A gente transita junto”. O Capibaribe In Rock deste ano já tem suas datas confirmadas: 19 e 20 de novembro.

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