Um desafio e tanto o cantor e compositor Romero Ferro tem diante de si neste sábado: abrir a programação da segunda noite do 26º Festival de Inverno de Garanhuns na Praça Mestre Dominguinhos. Filho da terra, ele faz às 21h, o pré-lançamento do disco de estreia Arsênico, numa noite que terá ainda Cátia de França e Xangai, Elba Ramalho e o projeto Café no Bule, com Zeca Baleiro e Paulo Lepetit - originalmente, o disco e projeto tinha a participação de Naná Vasconcelos, que será homenageado, postumamente, esta noite.
Transitando pelo pop e o rock nacional, influenciado por Cazuza, Romero Ferro mostrará seis faixas inéditas do novo disco, que tem uma pegada os anos 80, "tanto na sonoridade como no visual", mescladas com canções do EP Sangue e Som e mais releituras de Fugaz (Marina Lima), Um Sonho (Nação Zumbi), Mutante (Rita Lee) e Xote das Meninas (Dominguinhos). O novo disco tem produção de Diogo Strauzs, que havia trabalhado com Alice Caymmi e Chay Suede. O primeiro single está sendo lançado agora pelo JC OnLine. A música escolhida foi Medo em Movimento.
ENTREVISTA Romero Ferro
JC - Por que você escolheu mergulhar no som dos anos 1980?
ROMERO FERRO - Quando começamos a pensar no disco, senti a necessidade de definir um universo para ele, delimita-lo, para poder explora-lo ao máximo. E então me dei conta que os meus grandes ídolos estavam nesse período, dos anos 80 (ou então tinham ascendido nele). Foi quando eu cheguei para Diogo, e sugeri: "Que tal fazermos um disco completamente 80?". Ele amou a ideia, e mergulhou junto. Eu pude unir tudo que eu mais gostava no trabalho, experimentando, criando. Isso foi fundamental para o processo, por que a partir daí tudo começou a tomar forma, até músicas novas surgiram.
JC - O que o produtor Diogo Strausz trouxe para a sonoridade do disco?
ROMERO FERRO - Diogo é um menino prodígio, extremamente talentoso. Quem me indicou ele foi o Marcelo Jeneci. Eu rapidamente peguei o disco da Alice Caymmi, escutei e pensei: "Tem que ser esse cara!". E fico feliz em não ter errado, nossa sintonia foi muito certeira. Ele conseguiu me traduzir no disco, traduzir esse meu momento. E ao mesmo tempo, ele teve a liberdade de fazer coisas que tinha vontade musicalmente, explorar outros campos. Nós passamos alguns meses conversando e trocando referências, escolhemos o repertório juntos, os músicos, e até no momento de decidirmos o nome, ele foi presente.
Sinto que ele elevou o nosso trabalho para outro patamar, e isso vai ser extremamente importante nesse novo momento. Diogo tem um gosto apurado, e escolheu timbres para o disco como niguém!
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JC - Como você encara o desafio de subir no palco principal do FIG com um show baseado em um repertório boa parte autoral? É sua cidade e vc cresce junto com o Festival.
ROMERO FERRO - Estar no palco principal de um festival importante, em uma noite tão importante é muita responsabilidade. E essa foi a primeira coisa que eu senti. Percebi que precisaria me desdobrar ainda mais, para deixar tudo muito amarrado. Então mergulhei ainda mais em todo o processo. Ensaiamos mais, concebemos mais... o show tá lindo, mas ele vai amadurecer muito ainda. Eu me sinto grato e lisonjeado em poder estreá-lo na minha cidade, para um público tão especial.
O lance de crescer junto com o festival é muito legal, em 2014 estive no FIGe fiz o Palco Pop com o show do EP, e foi uma experiência maravilhosa. Esse ano não será diferente.