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TLC retorna após hiato de 15 anos preservando sua essência

Sem Left Eye, T-Boz e Chilli fazem disco inspirado e nostálgico

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 04/07/2017 às 14:13
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Sem Left Eye, T-Boz e Chilli fazem disco inspirado e nostálgico - FOTO: Reprodução
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Na faixa de abertura de seu quinto disco, Tionne “T-Boz” Watkins e Rozonda “Chilli” Thomaz afirmam que não precisam de introduções, pois já pavimentaram o caminho. De fato, as cantoras estão corretas. Ao lado de Lisa “Left Eye” Lopes, as artistas formaram o TLC, um dos grupos mais importantes da música pop. Porém, com a prematura morte de Left Eye, em 2002, as integrantes decretaram o fim do grupo, com eventuais exceções em tom de nostalgia. O hiato, agora, foi quebrado com o lançamento do disco que leva o nome do trio e faz justiça ao seu conjunto da obra.

Formado em 1991, o TLC tomou a cultura pop de assalto com sua mescla de r&b, hip hop e pop. Com um catálogo diverso, que ia do hedonismo da pista de dança à canções de crítica social, tocando em temas como a crise da Aids e depressão, em um momento em que as rádios evitavam polêmicas, o trio abriu as portas para mulheres na indústria musical. Em suas canções, o empoderamento era sempre uma questão primordial, fosse recusando as migalhas oferecidas pelo parceiro (No Scrubs), celebrando o prazer feminino (Hands Up) e a sororidade (What About Your Friends).

Com CrazySexyCool (1994), atingiram o panteão do pop, vendendo 11 milhões de cópias só nos EUA (até hoje o único grupo feminino a conseguir o feito) e mais 13 milhões ao redor do globo. O sucesso continuou com Fanmail (1999), influenciando nomes como Destiny’s Child, grupo que revelou Beyoncé.

A trajetória do grupo, porém, foi interrompida com a morte de Left Eye, em 2002, em um acidente de carro em Honduras. As artistas estavam no processo de gravação de um novo álbum, 3D, que foi lançado naquele ano como uma homenagem à Lisa. Com o emocional abalado e decididas não substituir a rapper, T-Boz e Chilli deixaram a carreira de lado.

LEGADO

O impacto de TLC, no entanto, manteve-se ao longo desses 15 anos, sendo revisitado por rappers como J Cole e até por Ed Sheeran, cujo single, Shape of You, é inspirado em No Scrubs. Em 2015, as artistas iniciaram uma campanha no Kickstarter com o intuito de arrecadar 150 mil dólares para gravar o quinto e último CD. Em menos de 48 horas, coletaram o dobro do valor, um recorde no site, recebendo apoio de fãs e de artistas como Lady Gaga e Katy Perry, duas admiradoras declaradas.

Apesar da sentida ausência de Left Eye, TLC é um álbum que sucede em celebrar o espírito do grupo, ressaltando os elementos que fizeram delas o segundo grupo feminino mais bem sucedido da história, atrás apenas das Spice Girls.
Nas nostálgicas Way Back, com Snoop Dogg, e It’s Sunny, celebração do r&b com pegada contemporânea, a voz rouca de T-Boz e o timbre suave de Chilli evocam épocas de ouro do gênero. A dupla soa enérgica e emula a atmosfera descolada, uma das marcas do grupo. O batidão Scandalous, feito para as pistas, é uma celebração do sexo oral feminino.

A mistura de elementos acústicos e eletrônicos, característica do trio, aparece em Perfect Girls, espécie de continuação de Unpretty, sucesso do grupo que trata de questões de autoimagem e as pressões dos padrões de beleza. Outro destaque é Start a Fire, à base de violão.

American Gold presta um emocionante tributo às vítimas do racismo. Left Eye surge em um interlude, com discurso da rapper ao som de batidas sintetizadas. O disco se encerra com Joy Ride, um agradecimento aos fãs. Vibrante e reflexivo, o disco faz justiça ao legado do grupo e mostra que o TLC continua necessário.

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