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MÚSICA

Veja os valores dos cachês do FIG, como eles são definidos e pagos

Festival de Inverno de Garanhuns chegou em 2017 em sua 27° edição, ao custo de R$ 6,7 milhões, o menor em cinco anos

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 05/08/2017 às 14:00
Foto: Elimar Caranguejo/Secult
Festival de Inverno de Garanhuns chegou em 2017 em sua 27° edição, ao custo de R$ 6,7 milhões, o menor em cinco anos - FOTO: Foto: Elimar Caranguejo/Secult
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Quando vai chegando o mês de julho no Recife, é difícil não se ouvir falar de um e de outro sobre os planos de ir para o Festival de Inverno de Garanhuns, carinhosamente chamado pelos pernambucano apenas pela sua sigla, FIG. O evento chegou em 2017 em sua 27° edição, ao custo de R$ 6,7 milhões, o menor em cinco anos. Encerrado há exatamente uma semana, englobou exposições, peças de teatro, lançamento de livros, exibições de filmes, debates e ações educativas. Mas o grande carro-chefe são os shows, distribuídos em diversos palcos abertos e na catedral de Santo Antônio e que reúnem a cada ano os mais variados artistas de todo o País e um público estimado em 1 milhão ao longo dos 10 dias.

Desde o ano passado, quem circulou pelas ruas próximas aos palcos pode perceber placas de prestação de conta do dinheiro gasto no festival. É que em junho de 2016 foi sancionada a Lei 15.818/16, que determina a comunicação por parte do poder público dos valores gastos com festas e contratações de artistas. A iniciativa, louvada na época por muitos como uma ação de transparência, vem também matando a curiosidade do público que procurou saber quanto vale o show de determinado artista. Mas afinal, quanto custa fazer um festival do porte do FIG? Como são decididos os valores dos cachês, de que forma eles são pagos e o que eles incluem?

Neste ano, os shows do FIG foram distribuídos em seis palcos: Dominguinhos, Pop, Forró, Som na Rural, Virtuosi e Instrumental. Com a crise no País, o festival reviu seus custos. O Governo do Estado gastou 7,3 milhões a mais há quatro anos e 100 mil a mais na edição 2016. Dos R$ 6,7 milhões deste ano, R$ 2.003.598 destinados aos cachês dos artistas e R$ 650.340,88 para a infraestruturas dos shows (que envolve montagem dos palcos, banheiros, som, geradores e barricadas, por exemplo). A redução orçamentária não parece ter influenciado na percepção qualitativa do público. “É o quarto ano seguido que vou ao FIG e o que me chamou atenção nessa edição foi o aumento das atividades como o circo e teatro. Em relação ao shows, achei que todos correram de forma organizada e a escolha das bandas foi muito interessante. Me senti muito contemplada com a valorização de artistas locais como Flaira Ferro e Mamelungos”, analisou a socióloga Rebecca Melo. O empresário Eduardo Vieira destacou na sua avaliação a diminuição de público e a mais baixa qualidade de som dos palcos Pop e Forró. “No mais a cidade foi como sempre muito receptiva e a estrutura do festival muito boa”, disse.

Cachês

Na lista dos mais altos cachês desta 27° edição estão Zeca Pagodinho (R$ 187 mil), Baby do Brasil (R$ 91.500) e Geraldo Azevedo (R$ 90 mil). Para o gerente de programação da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), André Brasileiro, quem decide esses valores não são nem diretamente os artistas nem o Governo, mas sim o mercado. “O artista tem que apresentar três notas fiscais de shows passados para comprovar que sua apresentação vale mesmo o determinado valor. E o cachê é usado pelo artista para pagar sua produção, os técnicos e a banda”, explica. Em certos casos, os custos de transporte, hospedagem e alimentação também estão inclusos no valor acordado com a Fundarpe. Em outros, a fundação arca com esses extras que vão além do show. “Tudo passa por negociação, é realmente caso a caso. Alguns artistas ainda pequenos não têm como bancar a estadia, por exemplo, então entramos com essa ajuda.”

É sabido que, a cada ano, a Fundarpe divulga um edital de convocação para os músicos que querem se apresentar no FIG. Uma banca formada por quatro pessoas da sociedade civil e três do governo avaliam e selecionam os grupos que irão tocar no festival. Mas há também a parcela de artistas convidados e, nesses casos, a logística de passagens aéreas e hospedagens são responsabilidade da Fundarpe. Segundo Brasileiro, esse ano apenas cerca de 5% dos que se apresentaram no evento foram convidados. São eles Alice Caymmi, BaianaSystem, Fafá de Belém e os três já citados: Zeca Pagodinho, Baby e Geraldo Azevedo. A contratação de sambista carioca foi anunciada nas vésperas da abertura pelo fato dele ter entrado na grade como substituto de Tom Zé. O baiano não havia apresentado todas as notas necessárias para a comprovação de seu cachê, um valor aproximado de R$ 40 mil.

Em relação à forma de pagamento, a Fundarpe garante: todos os artistas recebem depois do festival e os pagamentos são realizados em ordem do menor para o maior cachê, até o mês de dezembro do ano em que o evento foi realizado. Prestação de contas feitas, cabe à população zelar para ela continue valendo nas próximas edições e que a organização e o bom senso no gasto público perdurem. Sem jamais perder o brilho e os bons acordes que ressoam a cada férias de julho em Garanhuns.

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