À frente dos vocais do RPM nos anos 1980, o jovem Paulo Ricardo Oliveira Nery de Medeiros tinha uma lembrança clara daquela época sobre o Recife: “Era a primeira turnê do RPM pelo Nordeste. A nossa chegada no Recife foi um momento absolutamente Beatles! Éramos esperados por cerca de trezentos fãs no aeroporto. Descemos do avião com aquele montão de gente nos aguardando com pôsteres e tudo mais! As pessoas percorriam a cidade atrás da gente nas rádios, nos programas de TV, foi inesquecível!”.
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O tempo passou. Estamos em 2018, mas o cantor carioca Paulo Ricardo, hoje aos 55 anos, mantém o carisma e a musicalidade de sempre. E o clima é de reencontro com o público pernambucano neste sábado (17) à noite na festa Keep Walking, quando ele traz o show Sex On The Beach para o Cabanga Iate Clube. O cantor Fábio Júnior, outro ícone desta geração, também está no line-up.
Apresentados neste evento como os “galãs dos anos 1980”, Paulo Ricardo contou, em entrevista ao Jornal do Commercio, que se sente confortável com o rótulo: “O termo do galã é muito mais usado em relação ao mocinho da novela, o ator, aquele personagem romântico. Eu acho que, realmente, nos anos 1980, eu fui chamado muitas vezes de sex symbol. E é uma coisa com a qual me sinto muito confortável, até porque o rock’n’roll é uma música de um apelo sexual muito forte. Naturalmente, fico contente de estar numa posição desta ao lado do Fábio Jr. – Esse sim, um galã de novelas, além de cantor de muitos sucessos. Mas se as pessoas ainda continuam vendo a gente com esse olhar generoso, eu agradeço”.
Com sua carreira ligada bastante ao rock, Paulo Ricardo conta que seu leque musical, na verdade, sempre bebeu de outras fontes. “Eu realmente comecei no movimento de rock brasileiro, mas nós não fazíamos só rock. Começamos (no RPM) num momento em que o nosso gênero podia ser definido como tecnopop. A música eletrônica sempre foi nossa parceira desde o começo. Fomos a primeira banda a usar computadores, sequenciadores, muitos sintetizadores. Além do mais, como artista brasileiro, a música nacional sempre me acompanhou. Tive influência grande de bossa nova, da poesia brasileira. Então não me sinto um artista tão necessariamente ligado ao rock, mas um artista pop”, define.
É exatamente por essa versatilidade musical que, na carreira solo pós-RPM, as pessoas conheceram o lado romântico do cantor, que bombou nas rádios com várias baladas pop nos anos 1990 e 2000 – como Dois, Tudo Por Nada e Sonho Lindo – que são grandes sucessos até hoje. “Uma das minhas grandes influências, talvez a primeira delas, sempre foi Roberto Carlos. E esse lado romântico acho que está presente na obra de todo o artista. A gente tem um lado que sofre, vive, ama, se frustra, sai pra dançar como todo mundo. E acho que essa faceta da música romântica está em mim e no meu trabalho. Eu procuro ver um show como uma espécie de peça de teatro e a música romântica tem seu momento”, garante.
Além dos sucessos românticos, hits da época do RPM também estarão presentes no show hoje à noite, como a icônica Olhar 43. “A gente, no rock, costuma brincar que todo mundo tem seu Satisfaction (Rolling Stones), né? E eu posso dizer que Olhar 43 é o meu Satisfaction, com muito orgulho”, brinca o cantor.
Paulo Ricardo chega hoje ao Recife com muitos planos para 2018. “O próximo projeto é uma grande homenagem a Cazuza, que faria 60 anos. Vou lançar um EP com algumas regravações de grandes sucessos desse artista incrível, e uma turnê baseada na obra dele. Estou com o show Sex On The Beach, música nova no Big Brother Brasil, vou estar na nova temporada no Show dos Famosos (quadro do Domingão do Faustão), homenageando grandes artistas que me influenciaram, e ainda serei jurado do PopStar no segundo semestre”, enumera.
Galã nos anos 1980, um artista múltiplo nos anos 2010, Paulo Ricardo confessa que não pensa muito no futuro. E é assim que ele gostaria de ser lembrado nos próximos anos: “Quero que as pessoas estejam curtindo o aqui e agora como eu”, encerra.
SERVIÇO
Festa Keep Walking – com Fábio Júnior e Paulo Ricardo. Neste sábado (17), às 21h, no Cabanga Iate Clube (Av. Engenheiro José Estelita, S/N, Cabanga). Ingressos: R$ 50 (arena), R$ 100 (lounge), R$ 900 (mesa red: 4 ingressos + whisky), R$ 1.300 (mesa black: 4 ingressos + whisky) e R$ 5.000 (suíte: 10 ingressos + whisky), à venda nas lojas Chilli Beans, Ticket Folia e NE10 Ingressos. Informações: 99649-5252