Se o primeiro dia da 26ª edição do Abril Pro Rock ficou por conta do hard-core e punk, o sábado (28) foi totalmente dedicado ao público metaleiro. A noite não deixou dúvidas: os camisas pretas sabem como curtir um show, são fiéis ao gênero, bem comportados, à sua maneira, e cheios de energia. De fato, o que não faltou foi vigor para manter o headbanging (dança que consiste em balançar a cabeça violentamente no ritmo da música) durante o festival que começou às 18h e terminou pouco mais de 2h.
O line-up do segundo dia foi democrático, incluindo bandas locais e de outros Estados do Nordeste, e as internacionais, as mais esperadas pela galera. A segunda noite foi aberta com o thrash/death metal alagoense da Autopse, cujo vocal é feminino. De um show para outro, nenhum intervalo era dado, o que foi possibilitado pelos dois palcos montados lado-a-lado. Quando uma banda terminava a apresentação no principal, outra já saudava o público no palco "alternativo".
O local escolhido para a edição, o Baile Perfumado, contribuiu para que essas transições não fossem desgastantes. A curadoria do festival tinha adiantado para o JC a estratégia ao escolher a nova casa. Mais intimista, foi adequada à quantidade de pessoas que participaram do evento - a casa ficou cheia, mas não lotou. Além do público conseguir "passear" pelo espaço tranquilamente, sem empurrão, o local estava ventilado.
Como todo bom festival, uma área do espaço era dedicada às vendas de camisetas, bottons, acessórios e discos. E, para fortalecer ainda mais a identidade da tribo urbana, cervejas artesanais estavam sendo vendidas no valor de três por R$ 18, e caipirinha no valor de R$ 5. As opções de lanche se restringiram aos fasts foods: barraquinhas de pizzas, pastéis e hambúrgueres estavam organizada em uma "praça de alimentação" na parte externa do clube.
Do Heavy ao Death
Com relação aos shows, nenhuma banda ficou para trás. Mas a pista só começou a ficar mais concentrada quando entraram os paulistas da Armored Dawn, depois das nordestinas Matakabra (PE) e Heavenless (RN). A performance do vocalista Eduardo Parras, junto a sua voz marcante, embalaram o público em um show de Heavy Metal clássico, com uma pegada de atitude "viking".
Também de São Paulo, a banda Noturnall teve destaque, subindo ao palco pouco mais de 21h, após a cearense Damn Youth. Durante a apresentação, o ponto máximo foi a homenagem ao Queen com Show Must Go On, que contou com a participação de Alirio Netto (da banda Queen Extravaganza, um tributo formado pelos ex-integrantes Roger Taylor e Brian May).
Depois da mineira Uganga se apresentar no palco alternativo, a mais esperada portuguesa Moonspell começa o show às 22h30. O cantor Fernando Ribeiro caprichou na encenação, utilizando capas para compor o estilo do metal gótico da banda. As luzes vermelhas fizeram a ambientação. O vocalista ainda segurou uma cruz com raio laser, a qual apontava para a plateia, delirando-os, e uma lanterna, assim que começou a tocar a regravação dos Paralamas "Lanterna dos Afogados", a penúltima música antes de encerrar o show.
Em seguida, a pernambucana Decomposed God anunciava o que vinha por aí: o autêntico death metal nacional precedeu a banda Immolation, dos Estados Unidos, a segunda e última atração internacional. Ali, o público já era escasso, mas ainda dava para ver algumas cabeças rodando e Mosh Pits (rodinhas punk) que se formavam em cada canto da pista. A última apresentação acabou subitamente: assim como o ritmo da bateria de Death Metal, intitulada Metranca, que alude ao som de uma metralhadora.
Sem delongas, os estadunidenses mandaram seu som e se despediram sem muita conversa. Já passava das 2h e o público ainda queria mais, gritando o nome da banda. Mas o anúncio oficial indicava o encerramento do APR e convidava-os para a próxima edição, em 2019.