Disco

Zé Ramalho comanda o tributo a seu disco de estreia

Robertinho do Recife tocou e produziu algumas algumas faixas

JOSÉ TELES
Cadastrado por
JOSÉ TELES
Publicado em 20/07/2018 às 17:01
Foto: Divulgação
Robertinho do Recife tocou e produziu algumas algumas faixas - FOTO: Foto: Divulgação
Leitura:

Avôhai 40 anos – Remake Pop Rock (Discobertas/Avôhai Music), tributo ao primeiro álbum solo de Zé Ramalho (que tem o nome dele por título), é um capítulo à parte na história do gênero, cujos discos são quase sempre feitos sem que o homenageado tenha participação. Aqui Zé Ramalho assina a direção, escolheu os participantes, toca em algumas faixas e produziu outras (duas com Robertinho do Recife).

Zé Ramalho foi uma das mais atuantes presenças no chamado udigrudi pernambucano dos anos 1970. Antes disto tocou em bandas de bailes, nos grupo de iê-iê-iê The Gentleman e Os Quatro Loucos. Depois de batalhar no Rio e dormir em bancos de praça, conseguiu ser gravado por uma cantora de renome, Vanusa, que lançou Avôhai, com o autor tocando viola na gravação. Logo chegaria à CBS (atual Sony Music), produzido por Carlos Alberto Sion. Zé estreou com um repertório de composições que tinham ainda muito do que fez para o álbum Paêbiru – O Caminho da Montanha do Sol, dividido com Lula Côrtes e gravado no Recife em 1975. Naquelas nove faixas havia alguma coisa de cantoria de viola, do misticismo dos antigos beatos nordestinos e das viagens psicodélicas movidas a cogumelo (a manita matutina, citada na letra de Avôhai).

FILHOS

Enquanto o disco original é predominantemente acústico, Avôhai 40 anos somente dispensa guitarras na pedaleira em Chão de Giz, com a Via Rock, que a interpreta na cola do arranjo original, quase um cover (é uma gravação feita em 2002). Entende-se sua inclusão porque o álbum parece ter sido pensado de acordo com as escolhas afetivas de Zé Ramalho.

Não será surpresa se Zé Ramalho fizer show deste álbum e pegar a estrada com os filhos Antonio, João e Linda. Os três participam de Avôhai 40 Anos. O primeiro mora em João pessoa e toca na banda Prima Facie, enquanto João e Linda Ramalho cantam solo. Ele fica com A Noite Preta (Zé Ramalho/Alceu Valença/Lula Côrtes), ela com Voa, Voa (faixa produzida por Zé Ramalho, que também participa tocando violão). Aliás, essa é uma das melhores faixas do disco, com o ótimo guitarrista Schwab (ex-Suricato).
Algumas faixas foram pinçadas de outros discos. Avôhai, com a mineira (de Juiz de Fora), Eminência Parda, é do álbum Brasil 70: Impressões de Viagem, lançado em 2007, enquanto Vila do Sossego, em versão de Paul Rock, é do disco O Bravo Cantador, de 2016, que teve a participação de Zé Ramalho em duas faixas, inclusive na já citada.

Avôhai 40 Anos é um disco que paira, na maioria de seus 46 minutos, entre o hard rock e o heavy metal. No caso de Dança de Sete Cabeças, no metal melódico, com Robertinho do Recife num solo exuberante, acompanhado pelo filho Fhorggio, no baixo, e programações de bateria e viola de 12 cordas de Vladimir Sosa. A ideia de caprichar nos decibéis e no overdrive deve ser ter sido de Zé Ramalho. Ele produz a faixa Adeus Segunda-Feira (Zé Ramalho), com a Prima Facie, uma das mais pesadas do álbum. Peso também não falta a Meninas de Aldebarã, com o Mazzeron, um power trio carioca, produzido aqui por Robertinho do Recife. As faixas bônus seguem outras trilhas sonoras, aproximam-se mais do rock alternativo, com a OgrojazzBend, Luiz Lopez (da banda de Erasmo Carlos) e Novanguarda (da cidade pernambucana de Floresta. Enfim, não se sabe o que vão achar os que cultuam o álbum original.

Últimas notícias