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Barão Vermelho trabalha em novo disco de inéditas

Será o primeiro desde a saída de Roberto Frejat

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 17/12/2018 às 8:36
Foto: Léo Aversa/Divulgação
Será o primeiro desde a saída de Roberto Frejat - FOTO: Foto: Léo Aversa/Divulgação
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Passados 37 anos, o baterista Guto Goffi e o tecladista Maurício Barros voltam ao ponto de partida. Em 1981, Goffi e Barros eram dois colegiais que pretendiam formar uma banda de rock. O primeiro sugeriu para nome da banda Barão Vermelho, epíteto do alemão Manfred von Richthofen, ás da aviação, morto na I Primeira Guerra Mundial, um século atrás. Neste final de 2018, eles estão fazendo o primeiro álbum, sem Frejat. Lançaram um single, nesta semana, A Solidão te Engole Vivo (Guto Goffi/Fernando Magalhães/Maurício Barros). Trabalham no estúdio Toca do Bandido, no Rio, com Maurício Barros na produção:

 “Já gravamos a metade das músicas do álbum. Vamos lançar outro single depois do Carnaval. Na verdade, a gente está lançando disco mais por uma questão de constar na discografia. A história hoje é o single. O álbum, de inéditas, deve ser lançado em maio”, diz Barros. O grupo lançou o primeiro single, um rock/blues bem no estilo do Barão Vermelho, A Solidão te Engole Vivo.

 Rodrigo Suricato (voz, violão e guitarra), Guto Goffi (bateria), Maurício Barros (teclados e vocal), Fernando Magalhães (guitarra) e Márcio Alencar (baixo) é a formação do Barão Vermelho, que voltou aos palcos no início de 2017, recebida com ressalvas pelos fãs, diz o tecladista: “Inicialmente houve resistência, mas também houve quando Cazuza saiu do grupo. É natural que haja, mas na estreia desta formação, o Circo Voador ficou lotado. O público logo entendeu que o Barão estava no palco”, conta Barros, cujo papel na banda, desde o começo, sempre esteve além do instrumentista.

 No primeiro LP do Barão Vermelho, Maurício Barros assina quatro das dez faixas do disco, Billy Negão, Rock ‘n’ Geral, Conto de Fadas (com Cazuza), e certo Dia na Cidade (com Cazuza e Guto Goffi). Até Declare Guerra, Barros divide a tarefa de composição com Cazuza e Frejat. Saiu da banda, depois que Cazuza partiu para carreira solo. Voltaria três anos mais tarde. Embora Cazuza e Frejat sejam os rostos e vozes mais conhecidos do BR, Maurício Barros e Guto Goffi formam a base da banda: “Infelizmente não tem mais Peninha na percussão, ele é insubstituível, mas na formação inicial do Barão não tinha percussão”, comenta Maurício, citando o músico Paulo Humberto Pizziali, o Peninha, falecido em 2016, aos 66 anos.

 O novo vocalista e guitarrista Rodrigo Suricato aproximou-se de Mauricio Barros, em 2016, quando participaram do projeto Rock Brasil, que circulou por capitais brasileiras, sob a chancela da Nívea, e comando de Liminha. Suricato era o mais jovem de um bando de artistas, a maior parte do rock nacional dos anos 80: “Vi que poderia encaixá-lo no Barão, o cara sabe tocar o repertório do grupo, toca algumas que nem eu sabia. Suricato toca muito bem, é diferenciado, e além disso trouxe um gás novo pra banda”

SURICATO

Rodrigo Suricato nasceu em 1979, ano da anistia e do fim da censura prévia. O Barão Vermelho, por sua vez, teve seu grande momento no Rock in Rio, em 1985, quando Pro Dia Nascer Vermelho foi cantado pelo imenso público do festival. A música tornou-se um hino da juventude do país redemocratizado. Coincidentemente, o Barão Vermelho prepara-se para cair na estrada, com um álbum novo, quando o Brasil terá um governo assumidamente conservador:

 “Pelo menos a gente está ainda num momento democrático. Mas o conservadorismo não é só no Brasil, o mundo inteiro encaretou. O que posso dizer é que o Barão Vermelho é a favor da liberdade, igualdade e fraternidade, até porque uma banda que teve Cazuza é a favor de que qualquer maneira de amor vale a pena”. Barão Vermelho encaminha-se para os 40 anos (Mauricio Barros está com 54), as músicas inéditas vão ter que abrir espaço para os velhos hits dos anos 80, o tecladista tem ciência disto. A plateia vai pelo passado, pela marca, quer ouvir principalmente o que foi sucesso na voz de Cazuza:

 “Nosso público é bastante variado, vai o pessoal que acompanha a banda desde os anos 80, e uma galera bem mais jovem, os filhos dos nossos fãs. Então é claro que a gente toca Beth Balanço, Billy Negão, Por Que a Gente É Assim”.

 

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