Lançamento

Patricia Marx traz um pop experimental no disco 'Nova'

Em entrevista ao JC, cantora diz que não gosta de repetir o passado e ousa na construção de seu novo álbum

Robson Gomes
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Publicado em 18/12/2018 às 5:00
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Em entrevista ao JC, cantora diz que não gosta de repetir o passado e ousa na construção de seu novo álbum - FOTO: Foto: Divulgação
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Em 1987, ao deixar o grupo Trem da Alegria, a jovem paulista Patricia Marques de Azevedo, na época com 13 anos, iniciava uma bem sucedida carreira solo após ser revelada no programa Clube da Criança ao lado da apresentadora Xuxa, na extinta TV Manchete. Mas a garota que bombou nas rádios e na televisão cantando hits inocentes como Festa do Amor, Te Cuida Meu Bem e Sonho de Amor cresceu e seguiu fazendo música. Hoje com 44 anos, uma vendagem superior a 3 milhões de discos vendidos em mais de 30 anos de estrada, Patricia Marx entregou ao seu público no fim de novembro o 13º disco de estúdio da carreira, intitulado Nova (LAB 344, 2018).

O primeiro impulso para conceber o novo álbum, segundo Patricia, veio entre outubro e novembro do ano passado, quando algumas jam sessions em estúdio deram origem a duas faixas que fariam parte do trabalho: a leve You Showed Me How e Don’t Break My Heart. O resultado – disponível nas plataformas digitais – culminou em 14 faixas inéditas, finalizado em agosto deste ano, que orbita por vários gêneros como pop, soul e new age.

“(Em Nova) nada foi planejado: o conceito vai ser esse, vai ser outro... Nasceu sem dizer nada assim, sabe? Eu conheço os músicos que trabalham comigo, temos um gosto muito parecido, e sei o que cada um pode me oferecer em termos de acorde, progressões e timbre. Sempre trabalho com músicos sabendo o que eles exatamente podem me dar. Teve muito direcionamento meu para chegar nesse resultado. Além de minha direção, tem o bom gosto dos meninos, o talento deles também”, conta Patricia Marx por telefone ao Jornal do Commercio. Ela assina a produção musical do disco junto com Herbert Medeiros.

Para a cantora, Nova explora o seu lado experimental de criar canções. “Eu tinha muita vontade de lançar algo nesse estilo, mas não tinha tanto apoio, tanta coragem de colocar num disco. Cathedral é uma faixa a capella com referências de música erudita, por exemplo. Eu conheço muito sobre música erudita porque escuto desde pequena. É uma coisa que gosto de ouvir, mas nunca tinha pensado em gravar. E surgiu num dia que eu estava no estúdio quando resolvi experimentar algo com as vozes. Saiu de primeira, nem fiquei cantando várias vezes. Comecei a cantar, colocando uma voz em cima da outra e nasceu a faixa”, explicou a artista.

A satisfação de entregar um álbum experimental pode ser resumida pela faixa de abertura, intitulada Supernova, de 62 segundos. “Ela descreve o que vem por aí no disco. Sem tempo, sem letra, sem andamento, sem regras”, diz Patricia.

PASSADO

Ao mesmo tempo que Patricia Marx traz em Nova um disco encorpado, com faixas bem executadas como a bossa Dança do Tempo, baladas como a sensual Saturn Capricorn Love Sex, a delicada Luz Numa Lágrima e as vinhetas interessantes como You? (Sobre Ser Uma Monja) e Crystal 528Hz, a artista mostra que está um passo a frente do pop consumido atualmente. Isso, inclusive, tem a incomodado bastante e ela expôs publicamente há pouco tempo, quando foi uma das juradas do reality PopStar, da TV Globo, e parte da plateia tentou vaiá-la pela sua opinião.

“Existe o cenário musical atual do Brasil e do mundo. E é muito diferente. Eu não curto muito algumas coisas do Brasil, não gosto. Acho muito superficial, sabe? Mas tem muita coisa legal, obviamente. Mas são poucas”, pondera Patricia. “A música hoje pode ser comparada à ostentação: seja vocal, seja musical. E a música não é isso, ela é o mais simples possível que você puder ser. Ela é a essência. Se você não tem isso muito bem resolvido dentro de você com ela, não adianta, você não vai passar. Ela fica superficial, sem profundidade”, argumenta.

Ao mesmo tempo que defende uma música de essência, Patricia Marx afirma que não costuma olhar para trás em seus trabalhos nestas três décadas de carreira. “Eu não gosto de voltar no passado. Sempre estou no futuro. Estou ansiosa pelo desconhecido, sabe? A repetição não me agrada. Se você olhar para trás e quiser fazer de novo é uma repetição, então para mim não é mais novidade. Eu gosto de novidade. Eu preciso de novidade”, reforça.

E é com esse pensamento no futuro no aspecto musical que ela mostra, na teoria e na prática, o disco Nova. E para quem nunca (mais) a ouviu, fica a recomendação da artista sobre este álbum: “Feche os olhos e sinta”.

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