
Eles começam a ser trabalhados na pré-adolescência, o principal critério para a seleção é beleza angelical e asséptica, aptidão para o canto e a dança. A música que gravam não deve ter apelo erótico, tampouco político. Empresas de entretenimento trabalham em linha de produção formatando grupos de jovens, entre os 16 e 26 anos, que fazem o estilo conhecido como k-pop, ou Korean Pop, o pop coreano. Parte desta cena poderá ser conferida no Piso L3, do RioMar Shopping, amanhã e domingo, das 15h às 17h, com apresentações dos grupos Heirs, Move, Soldiers e X.O Dance Team (sábado), e Eleven, Faster - Z, Jjang e NK Project (domingo), recifenses que procuram emular o máximo que podem os originais coreanos.
HISTÓRICO
Em 2018, pela primeira vez em 12 anos, um canção em língua estrangeira alcançou o topo da disputada parada da revista Billboard, Love Yourself: Tear, do supergrupo BTS, que desde 2017 é muito tocado nos Estados Unidos, onde arrebatou discos de ouro e platina. Numa época em que se vendem poucos discos, eles já ultrapassaram o milhão de cópias do álbum. Na Coreia, eles são o equivalente ao que os Beatles foram na Inglaterra 55 anos atrás. Cada tuitada do BTS recebe, em média, 250 mil retuitadas. O k-pop na Coreia do Sul tem como marco zero o dia 23 de março de 1992, quando Seo Taiji and the Boys lançou o álbum de estreia. Um investimento a longo prazo, que começou a dar retorno há cinco anos, por coincidência, o ano em que surgiu o BTS, o mais badalado entre dezenas de grupos, que podem ter até uma dúzia de integrantes (o BTS tem sete).
Deles é exigida simplesmente a perfeição.
Bandas de k-pop não podem ser medidas tendo como parâmetro grupos de rock and roll, ou até mesmo o pop dos anos 60. Naquela década, a música vinha à frente, os músicos tinham atitude, manifestavam-se de acordo com seus temperamentos. Com os astros da música sul-coreana não há permissão para invenções ou improvisos no
palco. Tampouco lembram as boys band de décadas recentes, tais como Backstreet Boys. Não há, por exemplo, individualidade nos grupos, embora a maioria escreva a própria música. O BTS destacou-se no Ocidente.
Atrás deles há dezenas de bandas que conseguem facilmente 100 milhões de views no Youtube, feito o single Gee, da Girl’s Generation. A coreografia é extremamente ensaiada para que não ocorram deslizes durante a apresentação. Nada nos grupos que se compare ao histriônico Psy, o coreano que estourou mundo afora com Gangnam Style, em 2012, alcançando 1 bilhão de visualizações do clipe do hit que o levou a ser uma das atrações do Carnaval de Salvador em 2016. Mas Psy, um fenômeno meteórico, é conhecido na Coreia mais como humorista do que como rapper.
NK PROJECT
O fenômeno k-pop ainda está longe de ser tão popular no Brasil, mas começa a se desenvolver e já há uma cena sólida no Recife, que reúne admiradores e grupos no Parque Dona Lindú, em Boa Viagem, ou no Parque da Jaqueira, na Zona Norte. Um dos grupos mais populares da cidade é o NK Project, formado em 2014. Júlia, uma das fundadoras do NK Project, diz que ela e um amigo começaram o grupo apenas por curtição: “Começamos sem muita pretensão, apenas pra dançar o que gostamos e não tínhamos membros fixos na época, contávamos muito com a ajuda de dançarinos de outros grupos. O tempo foi passando e fomos conseguindo membros fixos”. O NK Project atualmente tem nove integrantes.
À medida que apareciam mais grupos de k-pop na cidade, a cena foi se organizando, inclusive com um campeonato regional para artistas do gênero: “Conseguimos alguns prêmios nesse tempo, incluindo o 1° lugar do NE k-pop Contest de 2017, que é um campeonato regional de k-pop que acontece todo ano. Além dos prêmios, fomos ganhando o carinho de muitas pessoas que gostam de k-pop e hoje torcem muito pelo nosso sucesso”