Memória

Relembre artistas que morreram em turnê como Gabriel Diniz

Eles cumprem agendas lotadas e viajam exaustivamente

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 28/05/2019 às 9:47
Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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O acidente em que morreu o cantor Gabriel Diniz é, infelizmente, muito comum entre artistas da música popular. O primeiro grande nome a morrer na estrada foi Francisco Alves, O Rei da Voz, de fama equivalente a Roberto Carlos para a música da época. Em 27 de setembro de 1952, o cantor voltava de São Paulo, onde fez uma apresentação, com o amigo Haroldo Alves. Na divisa entre Taubaté e Pindamonhangaba, seu Buick bateu em um caminhão. Haroldo conseguiu sair do veículo, porém, logo depois, o automóvel explodiu e Francisco Alves teve o corpo carbonizado. O cantor, então com 54 anos, tinha pressa porque teria que participar de um programa na Rádio Nacional, no Rio de Janeiro.

>> Especial SJCC: O nome dele era Gabriel Diniz

A agenda lotada, ou a vontade de estar em casa, são dois dos principais fatores dos acidentes. João Paulo, da dupla com Daniel, em 11 de setembro de 1997, depois de um show em São Caetano do Sul (SP), decidiu viajar para Brotas (SP), a 269 quilômetros, onde morava com a família. Daniel procurou, em vão, dissuadilo. João Paulo não aceitou a sugestão e viajou com o segurança, Paulo César Pavarin. Revezavam-se na direção. Por volta das três da madrugada do dia 12, o BMW, guiado pelo cantor, capotou e pegou fogo. O segurança escapou pela janela, ainda tentou tirar João Paulo do carro, mas ele estava preso nas ferragens. Assim como aconteceu com Francisco Alves, o carro explodiu e incendiou-se. João Paulo estava com 34 anos.

Luiz Gonzaga Jr. não teve tanta pressa. Depois do show feito em Pato Branco, último de uma turnê pelo Paraná, ele dormiu na cidade, mas saiu cedinho do hotel, no dia 29 de abril de 1991, para Foz do Iguaçu, onde pegaria um avião para Florianópolis. Iam no Monza, dirigido por Gonzaguinha, o empresário Aristides Pereira e Renato Costa, que trabalhava com ele. O Monza colidiu com um caminhão. Morreram Gonzaguinha, então com 45 anos, e o empresário. O terceiro ocupante do carro sobreviveu, mas passou meses no hospital. Foi divulgado que os cintos de segurança romperam-se. Ressaltando-se que o carro havia sido comprado a alguns meses, zero quilômetro. O cinto rompido contribuiu para a morte de Chico Science em 2 de fevereiro de 1997, no limite entre Recife e Olinda. A família, porém, acionou a Fiat (ele dirigia um Uno), e teve ganho de causa.

Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Caixão saiu em um cortejo pelas ruas de João Pessoa - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Caixão saiu em um cortejo pelas ruas de João Pessoa - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Missa de corpo presente - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Missa de corpo presente - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Cantor Wesley Safadão bastante emocionada no velório - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Karoline Calheiros, noiva de Gabriel Diniz, é amparada pelo pai do cantor - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Familiares e amigos se despedem de Gabriel - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Bandeira da Paraíba, Estado onde cresceu, cobriu o caixão do cantor - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Banda do cantor em volta do caixão - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Muita gente fez fila para dar o último adeus a "GD" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Corpo do cantor chegou a João Pessoa na madrugada - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Comoção tomou conta dos presentes na cerimônia - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Muita gente fez fila para dar o último adeus a "GD" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Velório foi restrito a amigos e parentes no início da manhã - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Muita gente fez fila para dar o último adeus a "GD" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Velório acontece no Ginário Poliesportivo O Ronaldão, em João Pessoa - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Ginásio Ronaldão, em João Pessoa, onde será realizado o velório do cantor - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Local sendo preparado para a despedida dos fãs - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Fãs já fazem vigília na frente do local do velório - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Local sendo preparado para a despedida dos fãs - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Luiz Fabiano/Divulgação
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Gabriel Diniz fez sucesso em todo o Brasil com a música "Jenifer" - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

A péssima conservação das estradas brasileiras também entra nesta história. Foi devido ao mau estado da PE–109 que o cantor paraibano (de Santa Rita), Maurício Reis sofreu um acidente de carro em 22 de julho de 2000, depois de fazer um show em Bonito (PE). Ele ia para Gravatá, onde morava, a cerca de uma hora dali. Chovia muito. A água inundou a pista, o Tempra do cantor caiu na barragem do Prata. Ele foi resgatado pelos outros ocupantes do automóvel, e por pessoas que moravam próximo ao local. Uma ambulância chegou a tempo de conduzir Maurício Reis para o hospital de Bonito. Porém, devido a buraqueira da estrada, a ambulância teve os pneus furados. O cantor foi transferido para a carroceria de um Toyota, mas não resistiu.

SUCESSO

Não por acaso, grande parte das mortes de artistas da canção popular ocorre no auge. Quando estouram nas paradas, automaticamente aumenta a quantidade de contratações para shows. A agenda para maio de 2019 da dupla Jorge & Mateus, por exemplo, contém 17 apresentações. Até o final do mês eles passarão por oito estados, Nordeste, Sudeste e Sul. Mas esses são artistas estabelecidos no universo sertanejo. Os de menor porte, ou em ascensão, cumprem, normalmente, mais de um compromisso num final de semana, e se locomovem em automóveis ou ônibus.

A banda Cavaleiros do Forró, do Rio Grande do Norte, em 2005, perdeu o vocalista José Inácio Alexandre Silva e o guitarrista Edivan Paulo da Silva (perderam também a vocalista Clívia, num acidente em Aracaju). O grupo vinha de uma turnê de três dias, a Paraíba, Alagoas e Pernambuco. Em julho de 2004, cinco integrantes da banda cearense Líbanos morreram quando o ônibus do grupo despencou de uma ponte na rodovia CE–006. A Tribuna do Ceará, quatro anos atrás, publicou matéria, denunciando que, provavelmente por excesso de shows, entre 2004 e 2015, pelo menos dez bandas de forró do Estado sofreram acidentes na estrada.

Wesley Safadão ainda era vocalista da Garota Safada quando o ônibus do grupo capotou na madrugada de 10 de março de 2015, deixando 18 feridos. Safadão não estava no ônibus. Na madrugada de 8de novembro de 2011, a Banda Metade, então no auge, sofreu um acidente à altura da cidade de Machados, no Agreste de Pernambuco. O ônibus do grupo, por uma falha nos freios, despencou de uma ribanceira. Morreram a vocalista, Dani, e Usiel Moura, um dos donos.

COMOÇÃO

Alguns acidentes transformam artistas cuja fama era circunscrita ao universo em que circulava, como foi o caso do sertanejo Cristiano Araújo, falecido, em 24 de junho de 2015, com 29 anos. Muita gente passou a conhecê-lo com o acidente. Embora ídolo no Centro-Oeste, ele ainda era relativamente desconhecido em outras regiões. No acidente morreu também a namorada, Allana Moraes, de 19 anos. O episódio também ocorreu durante a madrugada. Cristiano e Allana, viajavam no banco traseiro, e sem cinto de segurança, mas os passageiros da frente, com cinto, sobreviveram. Cristiano Araújo iria participar, em 26 de julho daquele ano, do Fortal, micareta de Fortaleza, no trio do bloco Eh Loco. Quem o substituiu nos vocais do trio foi justamente Gabriel Diniz.

Descaso com o cinto de segurança teve o cantor potiguar Carlos Alexandre. Em 30 de janeiro de 1989, com três integrantes de sua equipe, no dia seguinte a um show em Pesqueira, ele perdeu o controle do seu Opala, a poucos quilômetros de Natal, onde morava. O único passageiro que usava o cinco sobreviveu ao acidente.

Os Mamonas Assassinas foram vítimas de um acidente que comoveu o Brasil. O avião em que viajavam vindo de Brasília chocou-se contra a Serra da Cantareira, a dez minutos do aeroporto de Guarulhos, matando todos. O grupo, no auge, estava em regime de maratona. A aeronave, fretada, levou a banda para Caxias do Sul (RS), de lá para Piracicaba (SP), de onde voaram para Guarulhos. Deram um tempo no aeroporto e foram para Brasília, onde fizeram seu último show. Cerca de 70 mil pessoas compareceram, no Rio, ao enterro do cantor Evaldo Braga, em 1 de fevereiro de 1973. O cantor mineiro, então um dos maiores vendedores de discos do País, morreu, com o motorista Ariel Medeiros, quando o TL em que viajavam bateu de frente com um caminhão. Os dois vinham de Belo Horizonte e iam para o Rio. A TL vinha em alta velocidade e na contramão.

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