O guitarrista Slash pode ter até feito as pazes com Axl Rose e retornado ao Guns N’ Roses, mas isso não significa que deixou de lado os projetos que vem tocando desde seu afastamento do grupo. O mais recente deles é a parceria que tem com o vocalista Myles Kennedy e banda The Conspirators, cujo show ele traz ao Recife neste sábado, no palco do Classic Hall. O músico e companhia vêm fazer o show do disco Living the Dream, lançado no ano passado.
A empreitada começou quando Slash lançou seu primeiro disco solo, em 2010, precisando de uma banda para seguir turnê. A voz de Kennedy, que já atuava nos vocais da Alter Bridge, casou bem com o hard rock de Slash, dando um grande fôlego aos projetos do até então ex-Guns N’ Roses. A banda foi completada com Todd Kerns (baixo), Brent Fitz (bateria) e Frank Sidoris (guitarra). O grupo engatou e o álbum seguinte do guitarrista já veio com a Myles Kennedy & The Conspirators creditados no disco.
São três álbuns com a parceria oficializada e seu retorno à antiga banda, concretizado em 2016, hoje dividindo igualmente o espaço com o projeto solo na vida artística de Slash. "Eu não consigo dizer se eu prefiro uma ou outra, cada uma tem dificuldades específicas, algumas um pouco mais, é verdade. São experiências diferentes e cada uma é incrível de sua forma. Guns N’ Roses é uma energia excelente, mas tocar com Myles e os Conspirators também é algo incrível", afirmou Slash, em entrevista por telefone ao Jornal do Commercio. Trata-se de sua primeira passagem pelo Recife.
Parceiro
Em seus projetos durante sua longa carreira, o músico sempre mostrou uma grande capacidade de se adaptar a diferentes pessoas e ainda manter sua identidade. Com a Snakepit e Blues Ball, flertou com o blues e o blues rock, mas sem perder a guitarra pesada. Já a Velvet Revolver, supergrupo montado no começo dos anos 2000, conseguiu casar bem sua sonoridade com a voz de Scott Weiland, da Stone Temple Pilot, retomando parceria também com antigos membros da Guns, como Izzy Stradlin, Matt Sorum e Duff McKagan. Seu álbum de estreia solo recebeu participações curiosas como Adam Levine, da Maroon 5 e Fergie, ex-Black Eyed Peas.
Agora, com a Conspirators, essa abertura para um processo colaborativo e construções de sonoridades de forma coletiva segue firme, como explica. "Eu tenho músicas e arranjos meus, muitas vezes apenas parte das músicas e nós vamos trabalhando juntos. Desde sempre abri espaço para esse tipo de colaboração, não só da banda, mas das próprias participações. Trabalhei assim com nomes como M. Shadows, do Avenged Sevenfold e Ozzy Osbourne", conta Slash.
Ainda assim, o guitarrista atrai sozinho os holofotes com sua performance musical pesada e sua identidade visual facilmente reconhecível. Não poderia ser diferente, já que antes de ser Slash, o guitarrista era o jovem Saul Hudson, filho da figurinista Ola Oliver, que já trabalhou com nomes como David Bowie, Ringo Starr e John Lennon. A vasta cabeleira, óculos escuros e cartola ajudaram na construção de um personagem visualmente referência no rock n’roll, que ganha uma proporção ainda maior quando está no palco.
"A performance no show é uma coisa única. É definitivamente eu, minha personalidade ali, mas há algo único que só aparece no palco. Tem elementos que são muito normais meus, principalmente em questão de estilo, mas também há essa forma única de estar nas apresentações", elabora.
O show de hoje é o penúltimo da turnê, que passou por outros seis estado e se encerrará em Fortaleza. O músico vem ao Brasil desde o começo dos anos 1990, possibilitando ao guitarrista um contato com a música brasileira, em especial o rock dos anos 80 e 90. Ele diz ter até composto algo enquanto escutava esse som durante uma dessas vindas. "Passagens pelo Brasil sempre rendem momentos maravilhosos, muita diversão e muita gente. Estamos focados em levar um show enérgico, com duas horas de muito rock e nossa música irada", conclui.
Serviço
Living The Dream com Slash, Myles Kennedy & The Conspirators – Hoje, às 22h, no Classic Hall (Av. Gov. Agamenon Magalhães, S/N, Salgadinho). Ingressos entre R$ 100 e R$ 1800.
