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Roberta Sá em canções presenteadas por Gilberto Gil

Ela também é parceira do baiano em quatro músicas

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 02/06/2019 às 10:06
Foto: Nana Moraes/Divulgação
Ela também é parceira do baiano em quatro músicas - FOTO: Foto: Nana Moraes/Divulgação
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“O Gil pra mim é uma pessoa que tem um lugar de conexão espiritual com a música, ele trata de nossa espiritualidade. Mesmo a música em que fala do nosso lado mais humano, mais mundano, ele trata disso num lugar espiritual que é muito forte pra mim”. O entendimento de Gilberto Gil foi sintetizado pela cantora potiguar Roberta Sá, que traz hoje, ao Teatro RioMar, o repertório de Giro (Deck/Rosa Produções), álbum com repertório inteiro de inéditas assinadas por Gilberto Gil, só ou em parcerias.

 A primeira vez em que Roberta Sá gravou com Gilberto Gil foi há 11 anos, no DVD Celso Fonseca ao Vivo. Cantaram Ive Brussel, de Jorge Ben Jor. Três anos mais tarde, Gil a convidou para gravar com ele o tema de abertura da novela Cordel Encantado, uma composição dele intitulada Minha Princesa Cordel. Roberta Sá voltaria a gravar com Gil no disco mais recente do baiano, Ok, Ok, Ok, na faixa Afogamento, parceria de Gil com o jornalista Jorge Bastos Moreno (falecido em 2017).

 Foi na casa de Bastos Moreno que Roberta Sá teve a ideia de fazer um disco com músicas de Gil. “Gil fez Giro (palavra formada pelas sílabas iniciais dos nomes dos dois) e Afogamento. Estava com duas músicas novas do Gil, e há muito que desejava visitar o repertório dele, com coisas que tinha vontade de cantar. Chamei o Bem Gil pra dirigir. O Bem sugeriu tentar fazer mais inéditas. Acabou então num disco inteiro. Gil disse que foi um presente porque, segundo ele, estava numa fase muito criativa Já havia feito o repertório todo do Ok Ok Ok. Quase todas as músicas acho que foram criadas para o meu disco, com exceção de Vida de um Casal. Gil me mostrava todas as músicas porque sabia do meu interesse”, conta Roberta.

 Roberta Sá é modesta ao dizer que Giro foi um presente que lhe foi dado por Gilberto Gil. Foi muito mais uma reverência de um dos mais importantes nomes da história da música brasileira, e internacional. Ele não está no disco apenas na assinatura do repertório inédito. É inédito também o fato de ter Gil como integrante de uma banda (no disco), a Giro, que acompanhou a cantora no estúdio. Os outros músicos foram Bem Gil, Alberto Continentais e Domenico Lancellotti.

 Ou seja, Roberta Sá teve o privilégio de ter no disco o violão tocado pelo autor das composições. Ressalte-se que Bem Gil foi fundamental para o projeto dar liga: “Ele coordenou todo este encontro, juntou a banda, produziu o disco, virou um parceiro de vida, quero trabalhar muitas vezes com ele”, confirma Roberta Sá que já dedicou discos à música de um único autor. Em 2010, no álbum Quando O Canto É Reza (Universal Music), ela gravou 13 composições do baiano Roque Ferreira.

 Revela já ter cogitado fazer um disco inteiro com música de Lula Queiroga, um autor recorrente em seus discos. Um deles, o Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria, foi batizado com um verso de música do pernambucano (Belo e Estranho Dia de Amanhã): “Acho que isto um dia vai acontecer. Lula sabe que sou muito fã, e que é um dos meus compositores preferidos”.

 PARCERIAS

 Gil continua um peladeiro musical. Das 11 músicas de Giro apenas quatro foram criadas sem parcerias. Roberta Sá ganhou mais um mimo para o álbum, na faixa Ela Diz Que Me Ama, a volta da parceria de Gil com Jorge Ben Jor (que canta no disco). Eles não faziam música juntos desde 1975, quando gravaram o antológico Gilberto Gil Jorge Ben. Por sinal, em 2019 completam-se 50 anos da parceria dos dois, iniciada, em 1969, com Rei do Maracatu, lançada pelo cantor baiano Cyro Aguiar. Com Roberta Sá ele assina quatro faixas, Cantando as Horas, Fogo de Palha, Xote da Modernidade (também de Bem Gil) e Outra Coisa (mais Yuri Queiroga). Com Bem Gil e Alberto Continentino, Gil fez Nem. Jorge Bastos Moreno, em cuja casa o projeto começou a surgir, foi parceiro de Gil em Afogamento.

 O show terá as novas músicas mescladas por algumas de discos anteriores. De Lula Queiroga, ela canta Ah, Se Eu Vou (que Roberta Sá gravou em 2004), mais composições de Gilberto, parte das preferidas da cantora: “Uma dessas é Abrir a Porta (com Dominguinhos), canção que eu tinha muita vontade de cantar, por causa da letra, que tem coisas que precisam ser ditas. Feito o verso o bom da vida vai prosseguir. Este show fala disso, fala de afeto, amor, e de um lugar de esperança”.

Show, com Roberta Sá e banda, lançando o disco Giro, às 20, hoje, no Teatro RioMar (avenida República do Líbano,251, no Pina). Ingressos: de R$ 90 a R$ 200. Fone: 3878-0000

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