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'111': Pabllo Vittar consolida seu espaço no panteão do pop

Com quatro faixas, EP mostra precisão da drag queen em criar hits

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 01/11/2019 às 18:55
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Com quatro faixas, EP mostra precisão da drag queen em criar hits - FOTO: Divulgação
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Em qualquer lugar do mundo, o sucesso de Pabllo Vittar – gay e afeminada, como costuma ressaltar – já seria impressionante. No Brasil presidido por Jair Bolsonaro se torna um fenômeno ainda mais simbólico e reflete a resistência de um movimento contrário à intolerância. A drag queen natural de São Luís, no Maranhão, é a ponta de lança de um grupo emergente de artistas que se fortalece a despeito do discurso de ódio contra a comunidade LGBT. Com o lançamento da primeira parte do EP 111, quinta-feira (31), a artista consolidou seu lugar no panteão do pop nacional, dando continuidade, também, ao projeto de internacionalização de sua carreira.

Ao longo dos últimos anos, especialmente desde a eleição que levou ao Planalto um político abertamente homofóbico, a artista, que completou 25 anos ontem, tem sido alvo de várias fake news, sofreu ataques, ameaças e retaliações de parte da indústria.
“Sofro boicotes nas rádios, que pararam de tocar minhas músicas, alguns empresários não me chamam mais. É muito triste”, afirmou em entrevista recente ao El Pais. “No final, isso só me dá mais vontade de fazer o meu e mostrar que o pessoal da comunidade [LGBT]tem, sim, voz ativa. E a gente vai continuar falando, porra!”

Esse espírito de resistência se fortalece também pelo apoio que ela recebe, refletido em números superlativos: com nove milhões de seguidores no Instagram, é a drag queen mais popular da rede, ultrapassando inclusive ícones como RuPaul. No Youtube, seus vídeos já acumulam mais de 1 bilhão de visualizações e no Spotify suas canções costumam figurar entre as mais tocadas do Brasil.

INTERNACIONAL

O sucesso internacional já começa a se consolidar, com shows recentes na Argentina e Estados Unidos, além de reconhecimentos como a performance que fará domingo (3) na Espanha, no Europe Music Awards (EMA), tradicional premiação da MTV que reúne os maiores nomes do pop internacional. Pabllo se tornará a primeira artista brasileira a se apresentar no prêmio.

O público estrangeiro, inclusive, já está contemplado no EP 111, primeira parte de seu novo álbum, que será lançado em 2020. Das quatro músicas, há uma em espanhol (Ponte Perra) e outra em inglês (Flash Pose, com a britânica Charli XCX).


Mas, os grandes destaques do EP são mesmo as canções em português, que, mesmo com o boicote das rádios, devem se tornar hits, graças às suas sacadas irresistíveis. Parabéns, com Márcio Victor, do Psirico, é inspirada no brega-funk (pode ir treinando o passinho) e na swingueira. Em Amor de Que ela volta a mergulhar em suas raízes nordestinas com o forró eletrônico que marcou o final dos anos 1990 e início dos anos 2000.


Nessas duas faixas a artista consegue sintetizar algumas de suas características mais potentes, como a habilidade de fazer um pop vibrante que bebe nos mais variados elementos da cultura das várias regiões.

Os fãs pernambucanos, inclusive, não terão que esperar muito para conferir ao vivo as novas músicas da artista. Pabllo Vittar se apresenta no próximo sábado (9) no Parque Memorial Arcoverde, próximo ao Classic Hall.

Além da drag queen, a noite terá shows de Araketu, Eduarda Alves e discotecagem de DJs. Os ingressos já estão à venda e variam entre R$ 50 (meia-entrada para a pista) e R$ 190 (open bar).

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