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Gloria Groove abraça a metáfora no EP visual 'Alegoria'

Drag queen paulista que ocupa o topo das paradas se joga de cabeça em novo projeto

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 17/11/2019 às 5:00
Foto: Rodolfo Magalhães/Divulgação
Drag queen paulista que ocupa o topo das paradas se joga de cabeça em novo projeto - FOTO: Foto: Rodolfo Magalhães/Divulgação
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Para um bom conhecedor do cenário pop nacional, Gloria Groove é o tipo de artista que dispensa apresentações. A drag queen paulista de 24 anos que ocupa o topo das paradas lançou no meio desta semana o seu novo trabalho: o EP visual Alegoria (SB Music, 2019).

O projeto de quatro faixas e quatro videoclipes chega dois anos depois de seu último álbum O Proceder (SB Music, 2017). Nesse meio tempo, Gloria lançou vários singles e parcerias que se tornaram hits nas plataformas digitais e baladas, no Brasil e mundo afora.

Por telefone, Gloria contou ao Jornal do Commercio como Alegoria surgiu: “Lá em Yo-Yo (single em parceria com a cantora IZA) eu já estava desesperada para soltar alguma coisa nova. E, nesses dois anos, não parei de fazer composições para mim. Fiquei muito em estúdio, tanto fazendo coisas minhas, quanto os feats e composições para outros artistas, coisas que eu amo fazer. Mas tinha várias músicas minhas bonitinhas, paradinhas. Aí eu olhei para tudo aquilo, selecionei o ‘crème de la crème’ e fui atrás de entender o que amarrava essas canções todas”.

A pesquisa de Gloria Groove, enfim, chegou à definição de seu novo trabalho. “A primeira coisa que eu reparei foi que todas as músicas eram metáforas muito absurdas, tipo, representações abstratas de um sentimento muito real para mim. Daí, pesquisando mesmo, descobri que um conjunto de metáforas é uma alegoria. Prestei atenção nessa palavra e entendi o que ela significava. Além da definição do Carnaval, que eu amo, tem aquele negócio do carro alegórico ser a ‘representação imagética do samba-enredo’. Mas, também, o fato de que sou uma alegoria quando me monto. Nós somos uma alegoria de alguma forma, e isso me encantou. Me deu um fio condutor, sabe? A partir daí, comecei a pirar nos visuais para cada faixa”, relatou.

O conceito de seu EP visual, porém, tem prazo de validade para a drag. “Alegoria é um projeto fechado. Tem começo e fim nele mesmo. É uma tacada muito grande e arriscada. Teve ano que eu lancei quatro clipes e vou fazer isso agora em um mês. Mas assumo esse risco porque acho que o pop que fazemos hoje é uma construção feita, principalmente, pelas mulheres e pelas bichas. E vai ser isso: é Alegoria até o fim de novembro, todos os clipes na mesa, e depois vida que segue”, explica ela, já vislumbrando novos lançamentos para 2020.

O primeiro clipe deste novo projeto já está disponível. O single “quebradeira” Mil Grau, que abre o EP, já acumulou um milhão de visualizações em três dias. E todos os clipes de Alegoria terão algum tipo de ligação entre eles. Basta o público ficar atento.

Para quem acha que o novo EP tem apenas conceito, Gloria avisa que tem “canções farofa” também. “Eu sou a principal defensora de que existe um lugar onde esses dois elementos se encontram. Sinto que consegui promover isso com Coisa Boa, não só a música, mas a experiência toda. Música e vídeo. Ali foi um lugar onde militância e fervo se encontraram. E sinto que Magenta Ca$h (com a participação de Monna Brutal), a segunda faixa de Alegoria, é isso também. É sobre contar a nossa vivência e ainda fazer a grana, sabe?”, declara.

Concluindo o EP, Gloria ainda traz o reggae romântico Sedanapo e encerra com o rap pesado A Caminhada. E todas as quatro faixas têm a drag queen dividindo as composições e abordando questões como militância, pink money e, claro, o fervo.

Diante de tudo que representa hoje no pop nacional, Gloria Groove vê em Alegoria o desafio de consolidar o poder de seu trabalho. “Eu aprendi muita coisa com tudo que eu já vivi até hoje artisticamente. Estou trabalhando com arte ininterruptamente desde os 7 anos de idade. Já fui de grupo infantil, dupla infantil gospel, calouro de programa de TV, ator mirim de novela, passei a adolescência toda sendo dublador dentro de um estúdio, já vivi experiência em teatro musical, experimental. Até chegar a ser drag queen vivi muitas coisas e sinto que tudo isso me preparou para ser a Gloria Groove. Eu trago tudo isso junto comigo”, conclui a artista.

VEJA O CLIPE DE MIL GRAU:

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