Maratona

Confira os destaques da maratona de ritmos no Coquetel Molotov

Realizado no último sábado no Caxangá Golf Club, o Festival No Ar Coquetel Molotov reuniu diversos ritmos em shows do inicio da tarde até a madrugada

João Rêgo e Rostand Tiago
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João Rêgo e Rostand Tiago
Publicado em 18/11/2019 às 11:00
3 Por Quatro Fotografia/Divulgação
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A intensa maratona musical promovida pelo Festival No Ar Coquetel Molotov reuniu milhares dentro da estrutura montado no Caxangá Golf Club & Country. Começando pela tarde e entrando madrugada a dentro, o evento, com ingressos esgotados, deu conta tanto da realização de shows em três palcos, assim como em oferecer uma estrutura que permitisse certo conforto aos seus visitantes. A programação foi do pop experimental ao bregafunk, ainda dando um maior destaque para a cena eletrônico, responsável por arrematar a noite. 

Confira alguns destaques

SEVDALIZA - A iraniana radicada na Holanda encontrou um ansioso público quando subiu no palco principal e logo magnetizou a atenção com sua intensa presença de palco. Transportar o trabalho gravado para os palcos é algo desafiador, mas Sevdaliza consegue manter as vigorosas texturas e detalhes de seu som, além de fazer um excelente uso da projeção. A única atração internacional do palco Coquetel Molotov foi certamente um dos maiores shows da noite. 

ACESSIBILIDADE - Aos portadores de deficiência locomotivas, o festival faz o possível permitido pelo terreno do Caxangá Golf Club, muitas vezes acidentado, com o uso de rampas. Do ponto de vista da acessibilidade comunicacional, há um show a parte dos intérpretes de libras, presentes nos palcos Natura e Coquetel Molotov. Os profissionais se esforçavam em uma tradução humanizada, se envolvendo na música. Em shows como o do rapper Black Alien, com uma cadência rápida no cantar das letras, a habilidade deles não titubeava, entregando um primoroso trabalho.  

A CIRANDA DE LIA - O palco Coquetel Molotov também recebeu o patrimônio vivo Lia de Itamaracá. O show pontua uma fase bastante ativa na vida da cirandeira de 75 anos. Recentemente dona do título de doutora honoris causa da Universidade Federal de Pernambuco, a artista também lançou neste mês um novo disco, Ciranda Sem Fim, apresentado-o no festival. Seu carisma encantou a plateia e seu cantar logo fez nascer as rodas de ciranda no meio do público. Ao final, se despediu sendo aclamada.

O RETORNO DE BLACK ALIEN - Depois de cinco anos sem subir em palcos no Recife, Black Alien realizou uma das apresentações mais aguardadas da noite. Com um certo atraso para o início do show, “Gustavo”, nome do rapper de 47 anos, fazia coro na plateia. A apresentação foi um mergulho na carreira do artista – passando por músicas dos dois volumes do seu álbum de sucesso Babylon By Gus, ao seu mais recente Abaixo de Zero: Hello Hell, que compôs a identidade visual do palco. Um dos shows mais longos da noite, com promessas de retornos mais curtos ao Recife.

A COCEIRA DE SASKIA - Dentro da programação que reuniu nomes do rap nacional, uma das apresentações mais interessantes, sem dúvidas, foi a da gaúcha Saskia. No palco Sonic, a artista trouxe Pq, seu álbum de estreia que funde trap, distorções com sua lírica frontal e ácida. Em cima do palco, Saskia é inventiva; grita, confronta o público e performa. As improvisações, spoken words, declamações e o uso de dois microfones criaram "coceiras" (como a artista costuma definir suas pulsões artísticas) no público presente e imerso no show.

A FORÇA JOVEM DE BIONE - Aos 16 anos, a jovem Bione tomou o palco Sonic e fez uma das apresentações mais marcantes do festival. Nada ali poderia dizer que era a primeira vez da moça, que vem das poesias do Slam, em um palco para cantar. Ela apresentou seu recente mixtape, Sai da Frente.. Logo no começo de sua apresentação, convidou a MC Bixarte ao palco, evocando emancipação nos discursos e na música. Aos olhos da mãe orgulhosa, que estava na plateia, dominou o palco e mostrou que há uma carreira potente na música vindo aí. 

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A iraniana Sevdaliza foi dona de uma das maiores apresentações da noite - 3 Por Quatro Fotografia/Divulgação
Tiago Calazans/Divulgação
Black Alien fez aguardado show e promete voltar - Tiago Calazans/Divulgação
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Lia de Itamaracá trouxe suas novas cirandas - 3 Por Quatro Fotografia/Divulgação
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Luiz Lins vive grande momento na carreira, trazendo sua entrega ao palco principal - 3 Por Quatro Fotografia/Divulgação
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Dani Costa levou o brega e a dança ao palco Natura - 3 Por Quatro Fotografia/Divulgação

 

O MOMENTO DE LUIZ LINS - Ainda dentro dos jovens pernambucanos, Luiz Lins, o único a participar das duas etapas do festival (Belo Jardim e Recife), trouxe sua intensa entrega ao palco principal. Trouxe trabalhos já lançados, pelos quais conseguiu atrair olhares por sua autenticidade e entrega emocional, além de já testar faixas de seu vindouro primeiro disco.  Acompanhado por uma banda que trouxe novas roupagens para seu som, o músico de Nazaré da Mata trouxe coração ao público, colhendo os bons frutos do que vem plantando na cena local.

A DANÇA E O BREGA - Dani Costa deu protagonismo à dança no palco Natura. A apresentação da dançarina passeou pelo bregafunk e pela movimentação dos corpos promovida pelo ritmo, colocando o povo para balançar. Convidou o público ao palco para uma coreografia coletiva, trazendo uma ótima energia para o local. 

A NOVA CARA DE FALCÃO - A pernambucana Clarice Falcão apresentou seu mais recente disco em um show ainda pela tarde no palco Natura. O trabalho marca um novo direcionamento em sua musicalidade, abraçando sintetizadores e beats para dar uma roupagem synthpop em suas novas e antigas músicas. A mudança cativou o público, acompanhando a apresentação do começo ao fim.  

O FURACÃO THA - Um dos shows mais esperados foi o escolhido para abrir o palco principal. MC Tha já contava com um público massivo quando fez as honras e trouxe as músicas do seu Rito de Passá, um dos mais aclamados do ano, responsável por colocar a artista no rol das maiores revelações de 2019. Ela trouxe um enérgico show, passando por seus sucessos e trazendo releituras de Cartola e Jorge Ben. 

O TRAP DE DENOV - A relação do público com o show do trapper Denov foi gradual. De um primeiro estranhamento às vibrações do palco, os presentes foram emergindo nas sonoridades do álbum Manual Prático, trabalho que o artista trouxe para o Natura Musical. Com terreno preparado e plateia cativada, Denov se juntou a quem estava na frente do palco para cantar seu hit Monza Drift – entregando o microfone para os que sabiam a letra de cor enquanto era formada uma roda punk.

TORRE - Torre protagonizou uma das boas surpresas do festival. Trazendo o primeiro show oficial do seu segundo álbum de estúdio, Pág. 72, a banda subiu ao palco Sonic no cair da tarde. Seja executando canções do seu elogiado primeiro disco rua i ou as novas composições, o quarteto demonstrou maturidade e um controle perfeito de cada som emanado pelos instrumentos.

BARES - O sistema de funcionamento dos bares foi elogiável. A dinâmica entre os postos de compra de fichas e de retirada funcionou na proximidade entre eles (um de frente ao outro). O abastecimento foi um pouco irregular, com alguns desses postos sofrendo, durante a madrugada, com falta de alguns itens.  

ENCERRAMENTO - O encerramento da edição deste ano congregou a música eletrônica e suas diversas variações rítmicas. A programação teve início com o jovem DJ e produtor underground de São Paulo, Coppola, seguido por Revérse DJs, de Pernambuco, o experiente e pioneiro produtor brasileiro Gui Boratto, e o encerramento com Gop Tun, um selo coletivo formado por quatro artistas paulistas. Uma quebra nas vibrações dos shows anteriores – que perscrutavam pelas variações do hip-hop, mas, sobretudo, uma oportunidade única para ver ao vivo produtores lendários (como Boratto) e revelações de uma cena que vem em franco crescimento.

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