Sucesso

Loma e as Gêmeas celebram nova fase na carreira com show no Recife

Apresentação acontece sábado (30), na boate LGBT Metrópole

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 26/11/2019 às 19:50
Brenda Alcântara/JC Imagem
Apresentação acontece sábado (30), na boate LGBT Metrópole - FOTO: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Da ascensão meteórica no Carnaval de 2018 à mudança no nome artístico, Loma e as Gêmeas – agora sem o MC e o Lacração, respectivamente – vivenciaram uma série de altos e baixos. Prontas para recomeçar após um hiato dos palcos, resultado de problemas com sua produtora e questões judiciais, elas retornou a Pernambuco nesta semana para cumprir uma agenda intensa, que inclui gravações com artistas locais de brega-funk e tem sua culminância sábado (30) com o show na boate Metrópole.

Quando foi apresentada ao Brasil com o clipe despretensioso (e igualmente cativante e subversivo) de Envolvimento, Loma (nome artístico de Paloma Roberta Silva Santos) tinha 15 anos. Agora, aos 17, diz que sua maior ansiedade em chegar à maioridade é conseguir fazer seus shows sem problemas com a Justiça. De fato, a ascensão da artista foi marcada por problemas legais, com shows cancelados devido à sua idade e por, durante algum tempo, ela não estar matriculada na escola.

Vale ressaltar que, no último fim de semana, o trio estava escalado para se apresentar em uma boate LGBT de Brasília, mas foi proibido por um juiz que alegou que o local seria “inadequado” para Loma devido à sua idade. O empresário responsável pela casa repudiou a decisão, uma vez que elas têm se apresentado em outros espaços sem problemas.

A empresária Maria do Céu contou durante a coletiva de imprensa realizada ontem na boate que o desejo de realizar um show do trio do espaço é antigo. Loma e as gêmeas Mariely e Mirella, responsáveis por escrever os hits, contam que a vontade era mútua devido à importância do local para a comunidade LGBT do Recife. Elas lembraram ainda que quando chegaram a São Paulo, foram alvos de preconceito por serem nordestinas e que os comentários positivos de membros da comunidade as fortaleceram.

“Sempre foi um sonho cantar aqui. É o nosso público (o LGBT), é o que a gente mais ama. É o público que nos abraçou, que nunca vai largar a gente nem a gente vai largar eles”, pontuou Loma.

A fama repentina das amigas produziu uma avalanche de emoção nas meninas que estavam acostumadas a uma vida tranquila em Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. Se mudaram para São Paulo, onde ainda vivem, e, lá, lembram, tiveram problemas para se adaptar. Conflitos com o gerenciamento da carreira, a proibição de fazer shows e ataques na internet aumentaram a sensação de desamparo das meninas, que chegaram a desistir da vida artística.

“Era muita coisa na nossa cabeça. A gente era feliz aqui (em Pernambuco), conversava, ia para a praia, era tão bom. Lá, a gente ficava muito triste, chorava muito. Desistimos, mas recomeçamos. É difícil, mas agora a gente está mais forte”, contou Mirella.

RETOMADA

A virada na maré de confusões começou, segundo elas, com Malévola, lançada em fevereiro. A composição de Mirella – que, segundo a própria, só consegue compor imaginando o jeito de Loma de cantar e, por isso, automaticamente já começa a rir enquanto escrever – foi transformada em vídeo no esquema “na cara e na coragem”, reunindo uma série de colaboradores.
Mais recentemente, elas lançaram a música Xonadão, que já dialoga com mais intensidade com o brega-funk, apostando no Passinho. A faixa já conta com mais de 12 milhões de visualizações no Youtube.

Sobre a mudança no nome artístico, as artistas contam que o MC surgiu como uma brincadeira, mas que como Loma não faz rimas, não fazia sentido manter a alcunha. “O pessoal parava e dizia para ela: ‘faz uma rima para a gente’. E ela ficava com uma cara (risos)”, lembra Mariely.

Elas celebram ainda o bom momento para as mulheres e os artistas LGBT no pop nacional. Para Mirella, “os humilhados estão sendo exaltados”. E, no que depender delas, o hiato e o drama que caracterizou essa primeira fase da carreira vai ficar para trás.

Ainda em 2020 devem lançar dois ou três clipes. Para o próximo ano, prometem uma produtividade ainda maior – e esperam, claro, emplacar um hit no Carnaval. Sonham com parcerias com Anitta, Lexa e Pabllo Vittar (“Com uma música da gente e Pabllo o mundo ia ficar com mais glitter e ninguém ia entender nada”, brincou Mariely). Também estão com uma colaboração internacional na agulha e dizem que têm canção em vários ritmos, inclusive o reggaeton.

“(Daqui a 10 anos) Enxergo a gente com muita saúde, muito feliz, com uma vida boa para a gente dar para os nossos pais e, se Deus quiser, com mais fãs, muito sucesso e levantando a bandeira LGBT pelo mundo todo”, reforçou Loma.

Empolgadas em se reunir novamente com os fãs recifenses, elas adiantaram que cantarão todos os hits no show, além de interagirem muito com a plateia.

CUMPLICIDADE

Em uma de suas primeiras entrevistas após o sucesso de Envolvimento, o trio afirmou que o que as unia era a amizade e que não se imaginavam uma sem a outra. Essa perspectiva permanece e a cumplicidade entre elas é evidente.

Sempre “tirando onda” entre si, elas não só reforçam uma característica que as fizeram tão queridas pelo público – a simpatia – como também evidenciam que, mesmo com as maquiagens, figurinos e o brilho dos holofotes, ainda são adolescentes – as gêmeas têm 19 anos e Loma continua na escola. Quando voltam ao Estado, contam que não deixam de visitar a antiga rua em Prazeres.

“A gente fica na casa da nossa amiga Dani, onde gravamos o clipe (de Envolvimento). Ficamos lá no quintal, fazendo churrasquinho, tomando banho de mangueira”, conta Mirella.

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