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'Romance': Camila Cabello tenta repetir sucesso da estreia em novo disco

Talentosa, ex-Fifth Harmony não consegue reproduzir a mágica de 'Havana'

JC Online
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Publicado em 17/12/2019 às 11:00
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Talentosa, ex-Fifth Harmony não consegue reproduzir a mágica de 'Havana' - FOTO: Reprodução
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Estabelecer uma personalidade multifacetada e explorar seus anseios artísticos são um problema para a maioria dos integrantes das boy e girl bands. Geralmente formados por produtores para atender a um nicho de mercado voltado para crianças e adolescentes, esses conjuntos de cantores e cantoras são marcados pela falta de controle artístico dos integrantes, do papel que vão desempenhar (“o galã”, “o descolado”, “a diva” etc) à seleção do repertório. A dissolução desses grupos costuma ser uma questão de tempo, com os artistas alegando que precisam encontrar seu som e se expressar como indivíduos. Depois dessa fase, o desafio para eles é provarem que têm algo único a acrescentar.

Esse desejo por explorar outras facetas artísticas foi o que motivou Camila Cabello, que lançou recentemente Romance, seu segundo disco solo, a deixar o Fifth Harmony em 2016. A jovem, hoje com 22 anos, saiu do grupo quatro anos após a formação quinteto no reality show americano The X Factor. Se no Fifth Harmony Camila já era tratada com certo destaque devido à sua personalidade expansiva e voz distinta, na carreira solo essas características ganharam mais camadas.

Com o single Havana, no qual abraçava suas raízes latinas (Cabello nasceu em Cuba e passou anos no México antes de ir aos EUA), ela atingiu o primeiro lugar das paradas de mais de dez países, se tornando, à época, a faixa cantada por uma mulher mais reproduzida no Spotify, com mais de um bilhão de streamings. O disco de estreia, que leva seu nome, foi igualmente bem sucedido, com boa recepção da crítica, e mais de um milhão de cópias vendidas mundialmente.

MAIS DO MESMO

Desde então, Camila se tornou um dos nomes mais fortes da música pop e é fácil esquecer que um dia ela já foi cria de um reality show ou fez parte de um grupo. Com Romance, ela busca aprofundar, mas soa menos relaxada do que no seu disco de estreia (a exceção é a divertida Liar, com uma pegada ska, que gruda na cabeça já na primeira audição, e Shameless, com pegada pop-rock). Señorita, dueto com o Shawn Mendes, é uma faixa simples, mas de melodia que gruda e a interação entre eles funciona. Foi um dos maiores hits do ano, mas não deve resistir ao teste do tempo.

O uso desnecessário de autotune em várias faixas do novo álbum cria uma atmosfera genérica, reproduzindo fórmulas que já funcionaram para ela ou suas contemporâneas, como é o caso de My Oh My, com o rapper Da Baby, que evoca OMG, um dos primeiros singles de sua carreira solo. Bad Kind of Butterflies e Used To This parecem, respectivamente, faixas retiradas dos últimos discos de Ariana Grande e Halsey. A própria estética do disco parece uma versão adolescente da espanhola Rosalía.

Ao contrário do que aconteceu no começo dos anos 2000, com o pop adolescente, onde todos os artistas precisavam soar e a parecer iguais, hoje é quase uma exigência estabelecer sua marca. Camila é uma boa cantora, tem presença de palco e personalidade, mas, no estúdio, parece perder um pouco da força que tem ao vivo. Se conseguir traduzir para suas canções o carisma que demonstra em entrevistas e nas performances, como já conseguiu em Havana, ela poderá estabelecer seu lugar no cada vez mais competitivo mundo das cantoras pop. 

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