CARNAVAL 2020

Carnaval 2020: Flaira Ferro prepara show inédito para o Rec-Beat

Cantora, passista e compositora pernambucana Flaira Ferro faz show de lançamento de seu disco Virada na Jiraya no Festival Rec-Beat, na segunda de Carnaval

Valentine Herold
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Publicado em 19/02/2020 às 13:15
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Cantora, passista e compositora pernambucana Flaira Ferro faz show de lançamento de seu disco Virada na Jiraya no Festival Rec-Beat, na segunda de Carnaval - FOTO: Foto: Divulgação
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Flaira Ferro está Virada na Jiraya e suas munições não são poucas: compõe, canta, dança e pensa visualmente todo seu projeto artístico de forma consistente e afinada. O próximo passo na divulgação de seu segundo álbum é o show no Festival Rec-Beat, na próxima segunda-feira (24), às 21h, que marca também o lançamento oficial do disco no Recife, sua cidade natal.

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“Eu fiz um show de lançamento final do ano passado em São Paulo, mas o do Rec-Beat vai ser bem diferente porque tudo que será apresentado é inédito. Graças à estrutura que o palco oferece, estou trabalhando com a VJ Mary Gatis nas projeções. Elas vão complementar as músicas, entre as imagens vamos ter alguns trechos dos clipes também”, adianta Flaira.

As 12 faixas do CD revelam um enérgico pop-rock com muita pernambucanidade. É fácil imaginar o frevo contemporâneo Revólver, cujo clipe foi gravado nas ruas do centro do Recife, neste show de Carnaval com seus emblemáticos versos políticos “uma cidade triste é fácil de ser corrompida (..) eu quero ver você dizer que não vai ter mais frevo.” Ou ainda a raivosa mas bem-humorada canção No Olho do Tabu ou a libertária Coisa Mais Bonita.

É um disco para cima, permeado por muitas críticas ao conservadorismo e retrocesso, mas que demonstram, melodicamente, um potente alto astral. A voz de Flaira também revela amadurecimento em relação ao seu trabalho anterior, Cordões Umbilicais, de 2015.

A relação de Flaira com o Carnaval existe desde sua infância e tomou outras formas com o passar dos anos e com as mudanças da profissão. “Eu brincava de ir atrás dos blocos e nessa minha história de passista meu Carnaval foi tomando outras formas. Quando virei profissional, eu trabalhava dançando, aí depois veio a música, faço shows. Mas sempre encontro momentos para ser foliã e curtir na rua. Apesar de que, para mim, é difícil dissociar o trabalho da diversão.”

Talentosa passista, Flaira também vem refletindo qual o papel e a força do frevo produzido atualmente em Pernambuco. Para ela, a juventude tem se feito bastante ativa na salvaguarda do ritmo, com iniciativas como as de Amaro Freitas, o grupo feminino Arrete, a Orquestra Malassombro ou ainda Rebeca Gondim e os Guerreiros do Passo, na dança. “Vários aristas estão buscando um olhar diferente do que já foi feito no frevo. Mas é verdade que são ainda iniciativas mais individuais, falta um movimento que envolva escolas, governo, rádios e artistas.”

Parcerias

Virada na Jiraya apresenta também algumas importantes parcerias. Chico César na dançante Suporto Perder; Amaro Freitas em Maldita (poética e mais lenta) e Sofia Freire, Ylana Queiroga e Isaar em Germinar. Para além do disco, a pernambucana integra o projeto A Dita Curva, em que dez mulheres sobem ao palco para performar em música e dança contra as padronizações da sociedade. Além de Flaira, estão presentes Isaar, Aishá Lourenço, Aninha Martins, Isadora Melo, Laís de Assis, Luna Vitrolira, Paula Bujes, Sofia Freire e Ylana Queiroga compõem o grupo.

Outro projeto coletivo do qual ela participou foi o Reverbo, que nasceu em 2018, na união de artistas autorais pernambucanos, como Almério, Gabi da Pele Preta, Tonfil e Mayra Clara (entre muitos outros), a partir da iniciativa de Juliano Holanda. “Me interesso muito por esse processo colaborativo. Vivo procurando entender o que significa ser artista. Para mim, é uma ferramenta para ser ainda mais humano, de entender as redes de afeto, mergulhar em processos de memória. Tudo que tenho construído é fruto da soma, isso é muito importante, ainda mais porque tenho a sorte de estar inserida em projetos com artistas que admiro”, ressalta a cantora. “Estar em projetos coletivos é muito bom também para afastar essa ideia de competitividade e egoísmo.”

Flaira Ferro se apresenta no penúltimo dia da 25° edição do festival. A noite abre às 19h30 com DJ Libra e segue com o primeiro show às 20h, com a jovem carioca Ana Frango Elétrico. Depois do show de Flaira é a vez de DJ Dolores & Recife 19, às 22h.

O pernambucano faz parte da história do Rec-Beat, tendo se apresentado várias vezes ao longo dessas mais de duas décadas. Às 23h quem sobre ao palco do cais da Alfândega é o francês Guts, com seu som que mescla ritmos caribenhos, brasileiros e africanos. E, para encerrar a noite, o rapper paulista Emicida traz o show de seu novo trabalho, AmarElo.

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