Polícia interromper show por causa de músicas que a citam não é exatamente uma novidade, sobretudo em shows de rock, rap e afins. Um episódio exemplar aconteceu no Recife, em novembro de 1997, que virou notícia nacional. No auge do manguebeat, o trio de rappers Faces do Subúrbio fazia show no Parque de Exposição de Animais. O grupo, do Alto Zé do Pinho, era já nome conhecido além das divisas de Pernambuco. O show caminha às maravilhas, a plateia pulava e cantava em coro com o grupo, que tinha lançado o primeiro álbum, e repassava seu repertório.
>> Cannibal denuncia censura da PM em show após música de Chico Science
Quando começaram a cantar Homens Fardados, a polícia que fazia a segurança do evento não aprovou a letra da música, que tinha este refrão: “Homens fardados eu não sei não, se julgam os tais os donos da razão/Homens fardados eu não sei não/insistem em fazer justiça com as suas próprias mãos”. Não demorou muito e os PMs foram até o palco, o show foi interrompido e três músicos, Zé Brown, Tiger e Garnizé foram algemados, colocados numa viatura e levados para a delegacia do Cordeiro.
SECRETÁRIO
“Pegaram a gente no camarim. Para prender a gente, alegaram que ultrapassamos os limites da liberdade de expressão. Mas não chegaram a espancar nenhum de nós”, relembra Zé Brown. O episódio tomou dimensão ainda maior, porque levaram pra delegacia também o então secretário de imprensa do governador, Miguel Arraes, Jair Pereira. Os quatro não demoraram a ser libertados. Prometeu-se como sempre “um rigoroso inquérito”.