Siba e guitarras. Uma combinação que muita gente pode achar que não tem a ver com um músico cuja carreria quase toda se pautou por retrabalhar a chamada cultura popular. Radicalizando depois da saída da banda, quando passou a trabalhar com músicos da Mata Norte. Avante, o novo disco de Siba, que caiu na Internet desde o primeiro dia de 2012, tem guitarras, e um guitarrista na produção, Fernando Catatau: “Catatau tem uma função múltipla no disco. Primeiro, porque ele uma referência como guitarrista. Foi com ele que consegui retomar a guitarra. Porque não é só tocar, a técnica. É um instrumento que tem toda uma cultura em torno, e ele me mostrou isto. Nos conhecemos de muito tempo, desde o projeto Rec-Beat, que levou uma caravana de músicos pernambucanos para São Paulo, isto em 1994. Temos afinidades na forma de usar a guitarra, timbres mais analógico, pedais mais previsíveis, sem overdrive”
Avante, realizado com patrocínio da Petrobrás, é um amálgama de sonoridades amealhadas por Siba ao longo da vida. Tem desde o brega dos anos 70, que tocava em Nazaré da Mata, à música do Congo, descoberta há quatro anos: ““Acompanho há muito tempo a música africana. A do congo foi uma descoberta tardia, e tenho ouvido muito de uns quatro anos pra cá. A música atual das favelas de Kinshasa, feita com instrumentos que eles mesmos fabricam, inclusive guitarras, remete ao maracatu rural. Sei que foi para mim uma coisa inteiramente nova, e que dialoga com o Brasil historicamente”, comenta Siba, em entrevista por telefone, de São Paulo, onde voltou a morar (o disco foi gravado lá).
No entanto, a música de Siba não mudou muito neste disco. ganhou roupagem nova, mas o que ela veste é basicamente o que vem fazendo desde os tempos da Mestre Ambrósio. A poesia oral nordestina continua sendo o ponto de ligação do seu trabalho. Nas letras, ele continua fiel à métrica da poesia nordestina, às loas dos mestres de maracatu rural: “É o meu ponto único de referência, que é o mesmo desde a época do Mestre Ambrósio”, confirma Siba, um dos poucos a retrabalhar o universo poético sertanejo e da Zona da Mata. O outro é Lirinha que, coincidentemente, também enveredou pela eletricidade, depois de anos de som desplugado com o Cordel do Fogo Encantado. Lirinha é um dos convidados de