COMEMORAÇÃO

Semana de 22 foi incompreendida pelos contemporâneos

Músicos, artistas plásticos e escritores foram vaiados em suas apresentações no Teatro Municipal

Marina Andrade
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Marina Andrade
Publicado em 12/02/2012 às 6:00
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“Em música são ridículos, na poesia são malucos e na pintura são borradores de telas”. As palavras duras do crítico de arte Oscar Guanabarino (1851-1937), dirigidas aos integrantes da Semana de Arte Moderna de 1922, ilustram bem o tipo de controvérsia com que o evento foi recebido. As vaias que ecoavam pelo Teatro Municipal de São Paulo nas palestras, conferências e recitais dos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 eram o preço a pagar para que o Brasil superasse seu “atraso de 50 anos com relação à Europa”, segundo o escritor Oswald de Andrade, um dos organizadores da semana e um dos nomes mais famosos do modernismo nacional.

Embora a capital federal e centro cultural do Brasil fosse o Rio de Janeiro, foi uma São Paulo cada vez mais cosmopolita e rica que abrigou esse evento, cujo impacto foi sentido em ondas de amplitude mais forte até a década de 40. Os modernistas paulistas, vindos da classe média alta ou da aristocracia, tomaram para si a missão de atualizar as linguagens artísticas que existiam no Brasil, rompendo com o tal “atraso”, mas importando do Velho Continente sua posição de rebeldia.

Quem detonou esse processo de deglutição do que acontecia na Europa foram as artes visuais. Em 1917, a pintora Anita Malfatti realizou uma exposição que causou espanto, inclusive dando origem à famosa desqualificação do seu trabalho pelo escritor Monteiro Lobato. “Ela estudou inicialmente na Alemanha e depois nos Estados Unidos e seu trabalho tem a marca profunda do Expressionismo Alemão”, lembra a doutora em história da arte e professora do departamento de Teoria da Arte da UFPE, Madalena Zaccara. E foi em sua defesa que os vultos mais conhecidos da futura Semana de 22 se reuniram.

Assim como Anita, a maioria dos participantes advindos das artes visuais havia nascido na Europa e se criado no Brasil (como o escultor italiano Victor Brecheret) ou estudou lá e foi discípula de escolas ou mestres já atualizados, de certa forma, com as novas linguagens. A pintora Tarsila do Amaral – que estava em Paris durante a semana, mas que atuou fortemente no modernismo brasileiro – vinha de experiências cubistas. Formação semelhante teve o pernambucano Vicente do Rêgo Monteiro, único participante local no evento paulistano.

Leia a matéria completa na edição de domingo (12/02) do Jornal do Commercio.

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