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The Strokes experimentam outras sonoridades em disco novo

O grupo que revalorizou as guitarras vem agora de teclados

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 26/03/2013 às 6:00
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Come down machine (Sony Music) é o melhor disco dos Strokes desde is this it?, o álbum que bombou e, ao mesmo tempo, estigmatizou a banda. Comedown machine tem levado bordoadas de críticos e fãs por não ser mais um Is this it 2? (assim como aconteceu com os outros três CDs anteriores do grupo). Uma das agulhadas mais comuns em Comedown machine é que o álbum não tem foco, atira para todos os lados e não acerta alvo algum. O que já foi qualidade em bandas do passado, agora é falta de estilo. Comparações à parte, não há um disco mais sem sem foco do que o Álbum Branco, dos Beatles. Atirar para todos os lados era uma marca registrada do quarteto de Liverpool.

Agora quem queria uma “reabilitação” de Julian Casablanca & cia, se decepciona logo na abertura de Comedown machine, com Tap out. A faixa ainda começa com uma pegadinha, um solo estridente de guitarra, para em seguida cair num funk tecnopop. Refaz-se do susto com All the time, uma canção um pop rock com o figurino de Is this it? que, aliás, já estava bastante usado quando The Strokes o usou no começo da década. Vale ler as críticas de então. Os elogios eram contrapontuando por comparações com O Velvet Underground, ou Lou Reed, de quem os Strokes são, como diria Caetano Veloso, a linha evolutiva no som de Nova Iorque ou mais precisamente, de Manhattan.

Mas o passado cada vez mais distante da banda só volta a dar as caras, mais ou menos, em 50/50, com ares punk, efeitos nos vocais, e a batida repetitiva, básica do baterista Fabrizio Moretti. The Clash teve cobranças dos fãs, que embarcaram no esquerdismo sisudo da banda dos primeiros discos, com Combat rock. Naquele disco de, de 1982, o Clash apontava que a política pode ser vinculada à diversão, com o hit Rock the Kasbah, cujo alvo era o fundamentalismo iraniano do aiatolá Khomeini (embora não haja referências explícitas na letra). Um detalhe importante que está sendo irrelevado. The Strokes foi o grupo que retomou as guitarras na música pop com Is this it? Com Comedown machine aponta para os teclados. 

Uma das melhores faixas de Comedown machine é exatamente a em que os teclados e programações predominam, o prog pop 80’s comedown machine. A influência de Phillip Glass na repetição do loop, envolvendo a melodia, lenta: “Não é a primeira vez que vejo você passar/tentei bastante voltar até lá/mas você não está atualizado/nunca mais”, versos inicias da canção que termina com um sugestivo aviso: “Fuja”. É o que parecem querer dizer com One way trigger, em que se descobiram insuspeitadas, e inexistentes, semelhanças com o tecnobrega paraense. Se tem semelhanças é com o tecnopop escandinavo do A-Ha (o andamento e o riff de sintetizador lembram muito o megahit Take on me, de 1984).

Neste atirar para todos os lados, há desperdício de projéteis, em alvos errados. É o caso de Slow animals, uma mal concebida tentativa de misturar o tecno dos anos 80 com o o som de This is it? Um Frankenstein que soa como as experiências de Danger Mouse em fundir sonoridades heterogêneas, como Beck e Beatles, fazendo-as parecer um outro disco. Slow animals é esta experiência que soam como emendas que se vêm as rachaduras. Em Happy end as guitarras de Nick Valensi e Albert Hammond Jr. estão melhores encaixadas como sintetizador ao fundo, repetindo a mesma frase quase a música inteira. o disco fecha com o anticlímax de Call it fate, call it karma, meio bossa nova, meio rock and roll, com a guitarra com dissonantes acordes jazzísticos. Um disco que não foi para agradar os antigos fãs, mas angariar novos fãs as clube.

MAIS UMA

Ontem a banda liberou mais uma canção, Fast animals, lado B do single All the time. A música é um remake acelerado de Slow animals, e saiu como faixa bônus na versão japonesa de Comedown machine. O grupo não pretender conceder entrevistas sobre o disco novo, tampouco pretende fazer a turnê Comedown machine.

 

 

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