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Fotógrafa mergulha na intimidade dos terreiros

Roberta Guimarães lança nesta quinta livro com mais de 200 fotos do xangô pernambucano

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 16/05/2013 às 6:19
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Quando o francês Pierre Verger abriu mão da vida andarilha para fincar seus olhos claros na cultura negra que gingava a Bahia, ele também escancarou para o próprio Brasil e para o mundo o que muitas vezes esteve sob tabus e ranços do preconceito. Xangô, Iemanjá, Oxum, Nanã e toda a família e os agregados divinos africanos foram ganhando tons nas imagens em preto e branco que queriam ir além dos limites sociais. Pierre quis descobrir a África brasileira. Mais de 60 anos depois, a fotografia continua sendo uma das vozes da religião afrodescendente no País. Com um olhar delicado como o de Verger, por exemplo, nesta quinta (16), a pernambucana Roberta Guimarães lança O sagrado, a pessoa e o orixá. Um olhar nosso sobre o que sempre foi e será nosso. 

O trabalho é um livro com mais de 200 imagens, em cor, feitas durante mais de um ano em 12 terreiros de Pernambuco, com financiamento do Funcultura. A ideia do ensaio surgiu há quase dois anos, quando Roberta levava alunos de uma oficina que ela ministrava em escolas públicas do Recife para uma atividade em campo durante a Caminhada dos Terreiros, que acontece anualmente no Centro da cidade. “No meio daquele povo todo estava Jeferson, um filho de Oxum, uma figura que me chamou atenção pela maneira como se portava vestido do orixá. Ele é homem, mas é de Oxum, um orixá feminino, vaidoso. Combinei de fazer um ensaio com ele. Fiz o passo a passo, acompanhando ele se vestindo para receber o orixá. Um momento antes do xirê (cerimônia religiosa)”, explica Roberta. 

Nos seus retratos, a fotógrafa registra desde os xirês (as cerimônias nos barracões, os chamados toques dos orixás), até rituais mais reservados, íntimos e fechados ao povo do axé. O livro conta também com textos do antropólogo e professor carioca Raul Lody. Ele contextualiza as imagens dentro da história do candomblé no Brasil e também sobre a mitologia africana. Lody explica, inclusive, a forte devoção dos pernambucanos aos orixás das águas, como as rainhas Oxum (dos rios) e Iemanjá (do mar), levando em consideração nossa geografia insular.

Leia a matéria completa no Caderno C desta quinta (16).

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