O guitarrista e produtor Paulo Rafael mantém uma parceria com Alceu Valença que remonta a meados dos 1970. Nos anos mais recentes, em Pernambuco, ele tem sido cultuado, pela novíssima geração de músicos, por causa de dois anos de sua carreira - que está completando quatro décadas. De 1973 a 74, ele tocou na Ave Sangria, única banda do chamado udigrúdi pernambucano dos 1970 que conseguiu chegar a uma grande gravadora do Sudeste, no caso, a Continental, pela qual lançou um álbum, para terminar depois de dois shows no Teatro de Santa Isabel, em dezembro de 1974.
Paulo Rafael certamente terá admiradores do Ave Sangria na platéia do concerto que apresenta hoje, a partir das 19h, no Palco Instrumental do Festival de Inverno de Garanhuns, no Parque Ruber Van Der Linden. "Tem até alguém, da banda Anjo Gabriel, que quer fazer um projeto pela Fundarpe para um DVD do Ave Sangria. Se rolar, eu faço. A última vez que toquei com o pessoalfoi num show em São Paulo, com Marco (Polo), e Almir (de Oliveira)", comenta o guitarrista.
Para o repertório de hoje, no entanto, não foi ensaiada música do Ave Sangria, nem nenhuma que não esteja nos três álbuns solo lançados por ele, com ênfase para o mais recente, Alado, de 2010. "Eu fiz no FIG o lançamento do disco, depois fiz um show com parte do repertório no Recife. Mas esta apresentação será diferente, inclusive com três temas do próximo disco, que estou começando a gravar", diz.
Coincide também este show com os 20 anos da estreia solo dele, com o LP Vaga-lume, gravado para a Polydisc. Um álbum em que mescla composições próprias e reinterpretações de Hermeto Pascoal(Nem um talvez), e do clássico do Carnaval pernambucano Hino do Elefante de Olinda (Clídio Nigro /Clóvis Vieira). A banda que toca com ele em Garanhuns é formada por Júnior Areia (baixo), Tovinho (teclados) e Cássio Cunha (bateria). "Pensei inicialmente em um power trio, mas além dos músicos citados, convidei também Nilsinho, da Trombonada. A presença de Areia é importante, porque gravei músicas dele em Vaga-lume", ressalta Paulo Rafael. Areia, assina, com o nome de Walter Jr., três temas do álbum: Sinistra, Ensaio e Na noite
Quem também acertou sua participação no show de Paulo Rafael, ontem à tarde, foi Zé da Flauta - que nos anos 1970 formou com ele e Lailson o grupo Phetus, e com quem gravou o disco Caruá. Zé da Flauta participou de shows do Ave Sangria, e também tocou com Paulo Rafael na banda de Alceu Valença. Voltaram a tocar junto na turnê do álbum Vivo, de Alceu Valença (que talvez saia em DVD pela Deck Disc). Os dois participaram ainda da banda Batalha Cerrada, surgida logo depois da Ave Sangria: "Até um tempo desses, eu tinha uma cassete do Batalha Cerrada, mas sumiu, a gravação era meio embolada
O som "experimental, melódico e lisérgico", de Paulo Rafael pode receber mais convidados no palco instrumental do FIG, já que a cidade está cheia de músicos. E, quem, sabe talvez ele toque no show do Querosene Jacaré, que está no palco pop hoje. Zé da Flauta dá uma canja com Ortinho & cia. De certo é que Paulo pretende e ater à própria música: "Podemos até tocar temas de outros autores, mas não foi o que ensaiamos". Entre as possibilidades estar a de que se toque algum tema do álbum Caruá, que Paul Rafael dividiu com Zé da Flauata, em 1980.