Músicos que nunca tocaram juntos e mal tiveram tempo de ensaiar, de regiões diferentes do País, em inusitadas combinações instrumentais, marcaram um encontro no Centro Cultural dos Correios, no Bairro do Recife, de amanhã até o dia 18 deste mês. É a quarta edição do projeto Duos - Música Instrumental, da produtora Página 21, sempre às 20h, com entrada franca. A cada programa, uma dupla apresenta um show único.
E único não apenas pelo conteúdo, mas também porque a maioria dificilmente voltará a tocar em dupla. "A plateia vai assistir a uma espécie de ensaio de luxo. Os músicos, embora alguns até se conheçam, tiveram contatos por telefone, internet, mas só se encontram para valer mesmo no palco, na hora do show", comenta o produtor Amaro Filho, um dos curadores do projeto (com Cláudia Moraes e Rafael Coelho).
A atração que abre o projeto amanhã é o percussionista carioca Marcos Suzano, e o trombonista pernambucano Nilsinho Amarante. O primeiro, mais conhecido, em Pernambuco, pelo disco Olho de peixe (1993), dividido com Lenine, é um dos mais requisitados e atuantes percussionistas brasileiros, com presença garantida nos principais festivais do País e exterior. O pandeiro é o instrumento preferido de Suzano, autor de dois discos solo, Sambatown (1996) e Flash (2000), além de mais um dividido com Vitor Ramil (Satolep sambatown, 2007). Nilsinho Amarante tem longa carreira na música pernambucana, saiu da Spokfrevo Orquestra e criou a Trombonada, um quarteto de trombones, que estreou em disco em 2009.
Amaro Filho conta que o Duos foi inspirado no projeto Solo, que acontece em Curitiba, com músicos de vários países: "A gente pensou no projeto com um formato diferente. Um músico pernambucano com alguém de outro Estado. A finalidade é mostrar o trabalho de músicos que aparecem pouco, mas acompanham artistas famosos, ou que participem de cenas, como o Clube do Choro, de Brasília".
A facilidade de encontrar músicos que se encaixem no perfil do projeto vem dos muitos documentários produzido pelo Página 21 em todo o Brasil, como é o caso de Bruno Patrício, saxofonista brasilense que divide o palco com o bandolinista pernambucano Rafael Marques. Patrício é uma dos mais conceituados saxofonista da nova geração, e já tocou com músicos das diversas áreas, como Dominguinhos, com quem fez um antológico dueto em Saxofone por que choras? (de Severino "Ratinho" Rangel). Enquanto Rafael Marques foi do Arabiando, e hoje toca no Saracotia.
Os demais músicos do Duos são todos de alto nível - alguns mais, outros menos conhecidos, a exemplo de Lui Coimbra, um violoncelista de extenso currículo, Sérgio Cassiano, de carreira firmada, e confirmada, ex-Mestre Ambrósio, e a revelação do violão pernambucano, o jovem Vinicius Sarmento, ainda sem disco solo.
