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Mombojó chega à maturidade dez anos depois do CD de estreia

Musa do Stereolab é convidada de luxo da banda em Alexandre

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 25/05/2014 às 6:00
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]A começar pelo nome da banda, que não significava absolutamente nada, uma das características da Mombojó é o humor nonsense. O título do disco que o grupo lança oficialmente amanhã, no formato digital, e dia 12 de junho em CD, é mais um nada a ver: Alexandre (Som Livre/Slap). Veio da expressão “Are you sure?”, pergunta de uma voz que saía de um teclado do pai do ex-baixista, o ator Samuel Vieira. Soava para os então garotos da Mombojó como Alexandre, e quase foi o nome do disco de estreia do grupo, Nadadenovo, lançado há dez anos. O resgate do “alexandre” deve-se ao momento atual da banda que os integrantes, hoje chegando aos 30, comparam à energia juvenil dos 17 anos, idade média do grupo, quando gravaram o primeiro disco.
Alexandre é fruto da maturidade, das idas e vindas acontecidas com o grupo durante uma década de existência. Na realidade, quase 15 anos, se na contabilidade entrar a época do Play Damião, banda que ainda chegou a tempo de tocar no palco da lendária Soparia do Pina: “A banda foi sofrendo mudanças com o tempo. Começamos com umas sete, oito pessoas. Aconteceu a morte de Rafa, a saída de Marcelo Campelo e, mais recentemente, a de Samuel, que decidiu se dedicar à carreira de ator. Tudo o que passamos, de bom e ruim, deu uma segurança ao grupo para ousar – é como se não precisasse mais provar nada”, diz o guitarrista Marcelo Machado. Ele e o irmão Vicente voltaram a morar no Recife, enquanto moram em São Paulo Chiquinho, Felipe S, e o músico e produtor Missionário José, que assumiu o baixo, no lugar de Samuel Viera.
STEREOLAIB

Isto explica o fato de Alexandre ter sido gravado e mixado nos estúdios RootSans (SP), Totem (CE), Mundo Novo (PE), Estúdio Das Caverna (PE), com a produção assinada pela banda com Rodrigo Sanches, Homero Basílio. Acrescentem-se a estes a turma que está sempre nos discos da Mombojó: China, Vitor Araújo, Pupillo, Dengue, Buguinha, Yuri Queiroga e os recém-chegados Pedro Mibielli, violinista e arranjador, e Céu. Amizade à parte, e todos os citados são amigos dos integrantes da banda, a convidada especial que marcou o disco foi a francesa Laetitia Sadier, tecladista e cantora da banda franco-alemã Stereolab, a maior influência da Mombojó: 
“Pra gente é como um músico fã dos Rolling Stones chegar a Mick Jagger. A Stereolab é nossa maior referência. O convite rolou de forma inusitada. Há dois anos, a Stereolab veio fazer um show em São Paulo e conhecemos Laetitia por intermédio de Aninha Garcia, do Coquetel Molotov. Fomos todos a restaurante. Por acaso, alguém da banda estava com o CD Homem espuma e demos a ela. Quando a gente estava começando a gravar este disco, ela falou com Felipe pelo Facebook e disse que gostou muito do nosso disco e que gostaria de fazer música com a gente”, conta Marcelo Machado, que demorou a acreditar que teriam o ídolo num disco da Mombojó. Laetitia está na faixa Summerlong, cantada em inglês e português, em que ela e Felipe S empreendem uma viagem proustiana à infância.
Além de Stereolab, as bandas Tortoise, Radio Head e Nação Zumbi são as referências nas 11 faixas de Alexandre: “O disco tem um conceito que a gente vinha maturando. Feito nos discos do Stereolab, no qual se escuta quatro ou cinco canções e o restante é preenchido por músicas que soam mais como uma trilha, o pop com música meio experimental. O resultado foi exatamente o que queríamos”.

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