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Caixa com discos originais e raridades de Jackson do Pandeiro

Quase toda discografia do cantor paraibano está fora de catálogo

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 15/06/2014 às 6:00
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A Discobertas marca mais um gol de placa, e de trivela,  de uma só tacada, quatro discos de Jackson do Pandeiro, três deles da discografia oficial do cantor, e um de raridades. São os seguintes os álbuns reunidos  na caixa Jackson do Pandeiro anos 60 - 1966- 1969: O cabra da peste (Continental, 1967), A braza do Norte (Cantagalo, 1967), Jackson do Pandeiro é sucesso (Cantagalo, 1967), e a coletânea Jackson do Pandeiro mais um pouquinho - raridades, pinçadas de compactos lançados em 1966 e 69. Na verdade, pode-se enquadrar todo conteúdo da caixa como raridade, afinal a  discografia do paraibano José Gomes Filho (1919/1982) estava toda fora de catálogo. Encontram-se disponíveis apenas coletâneas e usn poucos projetos especiais. A grande maioria dos discos de Jackson do Pandeiro não teve lançamento em CD.

A trinca de discos de 1967, pertence a uma fase crítica não apenas para Jackson do Pandeiro, como para o forró em geral. Naquele ano o iê-iê-iê estava no auge no país inteiro, e invadiu de forma avassaladora a programação das emissoras de rádio Brasil afora. Como se não bastasse os festivais de música promovidos, sobretudo os promovidos pela Record e Globo atraíram um público de universitários, consolidando´ o que passou a ser chamado de MPB. Em 1967, no III Festival de Mùscia Ppular Brasileira da TV Record, Gilberto Gil e Caetano Veloso, plugados nas guitarras elétricas, deram um potente chute no pau da barraca, e provocariam um cisma na cultura brasileira. Uma ação que recebeu o nome de Tropicália..

A consequência disto é que o forró passou a ser escanteado do horário nobre das emissoras de rádio também grandes cidades do Nordeste, a ponto de, nos anos 70, ser tocado em programas que começavam às 4 ou cinco horas da manhã, ou no final da tarde, dirigidos para peões da contraução civil e operários. Assim é que nestes três discos quase não há um sucesso marcante para a obra de Jackson do Pandeiro. Em 1967, o próprio Luiz Gonzaga começava a pensar em se aposentar, o que só não aconteceu em 1968, por causa do providencial boato criado supostamente pelo jornalista e também compositor Carlos Imperial de que os Beatles gravariam Asa Branca. 

Apenas O cabra da peste teve algumas faixas bem tocadas, mas não emplacaram a ponto de se tornarem obrigatórias no repertório do cantor. Capoeira mata um (Álvaro Castilho/De Castro), Bodocongó (Cícero Nunes/Severino Ramos), Secretária do diabo (Osvaldo Freire Oliveira/Reynaldo Costa), e Alegria do vaqueiro (Zé Catraca), são as quatro mais conhecidas de O cabra da peste. Uma delas , Bodocongó (um bairro de Campina Grande) é mais conhecida, por rer sido gravadapor Elba Ramalho, no seu álbum e estreia, Ave de prata, de 1979. Um sucesso temporão de HUmbeto Teixeira (com Cícero Nunes). 

Nos outros dois, não houve faixas estouradas. Tocaram bem apenas em programas especializados, e de grande audiência no Nordeste, como o Forró do Zé Lagoa, apresentado na Rádio Borborema, de Campina Grande pelo compositor Rosil Cavalcanti (com quem Jackson do Pandeiro formou, nos anos 40, a dupla Café com Leite, na Rádio Tabajara, de João Pessoa, antes de vir para o Recife). Ou ainda, em Caruaru, no programa Aquareal nordestina, de Ivan Bulhões, até hoje no ar, e o mais antigo do gênero no Brasil. Todos os três no entanto preservam a qualidade que Jackson do Pandeiro manteve em quase todos os seus álbuns. Assim como Luiz Gonzaga possuía ouvido aguçado para escolher música, com um vasto contingente de compositores, muitos deles ilustres desconhecidos, boa parte cedendo parceria em troca de ter sua música gravada pelo Rei do Ritmo.


Um detalhe importante, no terceiro LP que lançou no mesmo ano, e o segundo pela gravadora Cantagalo, de Pedro Sertanejo. Jackson do Pandeiro é visto na capa sozinho, sem a inseparável Almira Castilho, com quem estava casado desde 1956. Separaram-se em 1967. 

(leia a mátéria completa na ediçãode hoje do Jornal do Commercio) 

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