Atualizada às 11h32
A movimentação no Palácio do Campo das Princesas, onde o corpo do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna está sendo velado, é intensa na manhã desta quinta-feira (24). Várias pessoas, sejam elas anônimas ou autoridades, estão passando no local para prestar uma última homenagem a Ariano. O corpo do escritor será sepultado às 16h, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Uma missa de corpo de presente foi celebrada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
Muito emocionado, Guel Arraes exaltou as diversas qualidades de Ariano. "Era um humanista. Um homem que estudou e pensou em todos os aspectos da cultura brasileira. Tentou entender o Brasil totalmente. Nunca teve muita gentea ssim no Brasil, não tem e nunca terá. Foi também um homem de ação porque foi secretário de cultura e era professor. A grande obra dele foi a vida. Queria uma sociedade melhor e vivia simplesmente. Foi sempre muito coerente. Vivia perto do povo e via o mundo pela lente do Sertão e assim ficou universal".
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As primeiras autoridades a chegarem ao palácio foram os políticos Armando Monteiro, Paulo Rubem e João Paulo, todos da coligação Pernambuco Vai Mais Longe e que, atualmente, estão em uma corrente política contrária a de Ariano. Eles chegaram juntos, por volta das 7h20. "Ariano era uma pessoa apaixonada pelo seu ofício e pela arte popular em todas as suas expressões", disse Armando Monteiro.
Os três passaram aproximadamente dez minutos na frente do caixão. "Ariano era um grande intelectual da nossa cultura. Resgatou a alma do povo nordestino de forma simples e alegre. Dois momentos marcantes que tive com ele foram minha eleição em 2000, quando cumpriu um papel fundamental, e a conquista da Copa do Brasil pelo Sport, quando estávamos na Ilha do Retiro torcendo juntos", afirmou João Paulo.
Aliás, muita gente que vai prestar homenagem a Ariano no palácio veste a camisa do Sport. A bandeira do clube de coração do escritor está em cima do caixão, junto com as bandeiras de Brasil, de Pernambuco e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde lecionou por vários anos.
Mas nem apenas torcedores do Sport estiveram no palácio. O flanelinha André Chaves compareceu com o camisa do Santa Cruz. "Vim com a camisa do Santa, apesar de saber que ele era louco pelo Sport, porque sei que essa diferenã hoje não significa nada. Ele era como se fosse um pai pra mim porque pensava nos mais pobres".
Tarcísio Pereira, dono da Livro 7, lembrou que Ariano fazia questão de estimular novos autores. "Ele sempre defendeu e estimulou a literatura nordestina. Ele não era só ligado ao movimento armorial, era ligado à geração de 65. Estará sempre presente na história da literatura e junto a todos nós".
A filha mais velha de Ariano, Maria das Neves Suassuna, agradeceu o apoio que tem recebido de todo o Brasil. "Quero agradecer esse carinho muito grande de todos os brasileiros. Quero agradecer o apoio que minha mãe tem recebido, já que ela é uma pessoa de idade e qie está fortalecida por esse carinho. Ele morreu pleno".
Veja vídeo de populares e autoridades dançando maracatu no velório:
No local há várias coroas de flores, em nome do governo de Pernambuco, governo da Paraíba, Geraldo Julio, UFPE, Tribunal de Justiça, do governador João Lyra Neto, Assembleia Legislativa etc. Na noite de quarta estiveram no Palácio o governador João Lyra Neto e o ex-governador e candidato à presidência da República Eduardo Campos.
O escritor estava internado no Real Hospital Português desde a última segunda-feira, quando teve um AVC hemorrágico. Ariano morreu às 17h15, no Real Hospital Português, após uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana.
Ariano já tinha sofrido um AVC, mas do tipo isquêmico, que é considerado mais fraco. Já no dia 21 de agosto de 2013, teve um infarto, mas também conseguiu se recuperar.