VENEZA – Birdman, comédia dramática do mexicano Alejandro Gonzales Iñárritu estrelada por Michael Keaton e Naomi Watts, inaugura nesta quarta-feira, no Lido, o 71º Festival de Veneza, falando da guerra, da crise econômica e de questões existenciais.
Competindo pelo Leão de Ouro, que será concedido em 6 de setembro, Birdman conta a história de um ator que ficou famoso por interpretar um super-herói, mas que agora, em declínio, decidiu voltar à sua antiga glória montando um espetáculo na Broadway. O filme, cuja exibição oficial está prevista para a noite, foi aplaudido e bem recebido pelos críticos nesta manhã.
Michael Keaton, de 62 anos, que interpretou o Batman de Tim Burton em 1989, incorpora Riggan Thomson, ator em decadência e que busca recuperar seu público. Ele recebe o apoio de sua filha (Emma Stone), recém-saída da reabilitação e que se torna sua assistente.
Várias vezes premiado em Cannes (Amores brutos, Babel) e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2000, Alejandro Gonzales Iñarritu ganhou reconhecimento internacional e é considerado um dos diretores mais talentosos de sua geração.
Dos cinquenta filmes que serão exibidos durante o Festival de Veneza, vinte vão competir pelo Leão de Ouro, que será concedido por um júri presidido este ano pelo compositor de trilhas sonoras francês Alexandre Desplat ("O Discurso do Rei", "Philomena"), o primeiro presidente a não ser nem diretor, nem ator desde a criação do Festival de Cinema de Veneza, em 1932.
"Os filmes que evocam conflitos estão entre os mais selecionados, isso me surpreendeu, e eles permaneceram na escolha final. A crise também está presente, mas na surdina", declarou Alberto Barbera, diretor do Festival de Cinema de Veneza ao apresentar esta nova edição.
Entre os filmes que abordam a guerra, Good kill, de Andrew Niccol, conta os dilemas éticos e morais de um pai, interpretado por Ethan Hawke, que luta contra o Talibã pilotando drones.
Fire on the plain, do japonês Shinya Tsukamoto, discute as consequências da Segunda Guerra Mundial, enquanto que 99 homes, de Ramin Bahrani, nos leva de volta à crise imobiliária americana.
DOIS FILMES PARA AL PACINO
Premiado com um Leão de Ouro em 1994 por toda a sua carreira, Al Pacino, de 74 anos, vai defender dois longas-metragens: The humbling (fora de competição), e Manglehorn, de David Gordon Green, no qual interpreta um homem excêntrico que tenta acabar com um crime passado que o atormenta e que lhe custou o amor de sua vida.
Entre os filmes mais esperados, Pasolini do americano Abel Ferrara, com Willem Dafoe, conta a história do poeta italiano, homossexual e marxista, assassinado em circunstâncias misteriosas em 1975.
Outra coprodução que deve dar o que falar é o mais recente filme de Fatih Akin, The cut, o terceiro ato de uma trilogia sobre o Amor, a Morte e o Mal com o ator francês Tahar Rahim (Um profeta).
A França será particularmente bem representada este ano com quatro filmes em competição: Le dernier coup de marteau, de Alix Delaporte, Loin des hommes, de David Oelhoffen, que se passa durante a guerra da Argélia com Viggo Mortensen, e La rançon de la gloire, de Xavier Beauvois, co, Benoît Poelvoorde, Roschdy Zem e Chiara Mastroianni.
O cinema italiano, premiado este ano com o Oscar por A grande beleza, de Paolo Sorrentino, será representado por três filmes: Anime nere, de Francesco Munzi, Hungry hearts, de Saverio Costanzo e Il giovane favoloso, sobre o poeta italiano Giacomo Leopardi assinado por Mario Martone, com Elio Germano e Anna Mouglalis.