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Pink Floyd pode ainda lançar disco, diz baterista do grupo

The endless river foi anunciado como derradeiro álbum da banda

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 17/11/2014 às 6:18
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Quando começou a aparecer no cenário londrino, em 1966, os integrantes do Pink Floyd cansaram-se de ouvir a piada: “Quem é Pink, e quem é Floyd?”. A piada não tem mais graça, porém ainda é válida. “O Pink Floyd hoje se reume a dois músicos, o guitarrista David Gilmour e o baterista Nick Mason. Quem é o Pink, ou o Floyd não se sabe, mas quem manda é Gilmour. Já se disse que A momentary lapse of reason (1987), e  The Divison bell (1994), são discos solo do guitarrista. Não é diferente o 15º álbum do PF, The endless river, lançado esta semana, e já com edição nacional da Sony Music. A guitarra de Gilmour, sua assinatura musical, em longos solos de Fender strato, cerzem as 18 faixas do álbum, anunciado como derradeiro título da discografia do Pink Floyd. No entanto, talvez tenha uma sequência.

A hipótese foi ventilada pelo baterista Nick Mason, à revista inglesa New Musical Express, O material da banda arquivado na gravadora poderá ser lançado, como também poderá haver um relançamento do álbum Animals, segundo Mason, o disco do Pink Floyd que tanto Roger Waters, quanto David Gilmour consideram mal produzido, e mal mixado. Os comentários do baterista foram publicados na mesma semana do lançamento oficial de The endless river, o primeiro disco de estúdio do PF desde The division bell, de vinte anos atrás. Em sua história da banda (Inside out - a personal history of Pink Foyd, de 2004), Nick Mason lembra que gostaria de lançar a música ambiente gravada durante as sessões de The division bell, o segundo álbum de estúdio sem Roger Waters, baixista, e principal compositor da banda;
 

The endeless river traz finalmente à tona a músic ambiente citada pelo baterista do PF. A Sony Music investiu pesado na divulgação do disco, que bateu recordes em vendas antecipadas nas lojas virtuais. The division bell seria inicialmente um álbm duplo, com um segundo disco formado pelo repertório agora lançada. A decisão de retira-las dos arquivos, segundo foi anunciado, deve-se ao desejo de Gilmour e Mason,  em prestar uma homenagem a um dos fundadores do grupo, o tecladista Rick Wright (falecido em 2008). A dupla debruçou-se sobre 20 horas de gravações, de 1993 (na época com produção de David Gilmour e Bob Ezrin), para escolher 53 minutos de música, agora com Phil Manzanera (Roxy Music), Youth (ex- Killing Joke) e Gilmour na produção, mais o engenheiro de som Andy Jackson. Além das obrigatórias mixagem e remasterização, as gravações receberam efeitos, tiveram trechos com bateria e guitarras regravados, e participação de músicos de estúdio, a intenção foi tornar a sonoridade contemporânea.

Fãs de carteirinha do Pink Floyd vão aprovar. The endless river é como se alguém tivesse pretendendo fazer uma retrospectiva, não da música, mas da sonoridade do grupo. Entre suas 18 faixa, há apena uma canção, Louder than words, com letra de, Polly Samsom, mulher de David Gilmour (também letrista em The division Bell). A música está dividida em quatro movimentos, ou quatro faces da versão, dupla, em vinil. A inclusão da voz do físico Stephen Hawking, na faixa Talking Hawkin (presente também em The division bell), acentua o tema do álbum: a comunicação, ou a sua falta. Levando o disco a ser mais do que uma homenagem ao tecladista Rick Wright. A banda vale-se do seu próprio exemplo de má comunicação interna como modelo.No último trabalho, The final cut, praticamente um disco solo de Roger Waters, David Gilmour foi um mero coadjuvante. Os dois mal se falavam. O tecladista Rick Wright foi sacado do grupo, e depois voltou, como músico contratado, com um salário fixo. A letra de Louder than words, que encerra o álbum, cita explicitamente as brigas e disputas pelo poder numa banda, em que uma das partes, Roger Waters, era maior do que as outras, e o todo menor do que as partes. A sonoridade do Pink Floyd foi criada pelo quarteto, mas quem apontava para onde o grupo caminhava era Syd Barrett, depois Roger Waters.

The Endless river parece ser mais um trabalho dos produtores, o experiente Bob Ezrin, e Martin “Youth” Glover, mais jovens do que Gilmour e Manson, e admiradores do PF, contribuíram para montar um disco que soa exatamente como o PF, ou melhor, como uam colcha de retalhos das várias fases da banda. Em Allons-y (1) a guitarra na abertura remonta a The Wall, Anisina lembra Us and them (The dark side of the moon), com direito a sax tenor, de Glad Atzmon. A fase psicodelia, que foi até 1968, está em Autumn 1968, uma faixa em que predomina Rick Wright, no órgão, envolto por efeitos. Embora guitarra de David Gilmour seja inconfundível, este disco valoriza os teclados de Rick Wright, mostra como ele foi importante para a identidade da sonoridade do PF. Na faixa de abertura, Skins, Nick Mason ataca a bateria como o fez em Umagumma, de 1969.. Por fim, Louder than words é o Pink Floyd de álbuns de meados dos anos 70, em que as viagens instrumentais são intercaladas por canções como Free four, de Obscured bly clouds.

Leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio

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